Nota 1,0 Com início ruim, longa naufraga e nem as cenas violências e de gore o fazem reagir
Um material publicitário bem feito pode ser a salvação para
um filme de baixo orçamento ressaltando suas qualidades implícitas ou ser a
desgraça do espectador que acaba comprando gato por lebre. Nesta segunda opção
se encaixa Maré de Sangue que só pelo fato de não ter passado nos cinemas e ser
do gênero de terror já gera desconfianças de que bomba vem por aí. Dito e
feito. O que parecia ser um filme épico sobre piratas sanguinários ou uma
história de fantasmas passada em alto-mar no fim se resume a uma fraca trama
envolvendo assassinos masoquistas e jovens cujo comportamento depravado e
irritante nos faz torcer por suas mortes o mais breve possível. A história gira
em torno de um grupo de amigos que buscam sarna para se coçar indo pescar no
meio do nada e curtir um fim de semana no barco do playboyzinho Trailor (Jason
Mewes). A trupe só quer saber de festa, bebidas e sacanagem e se empolga ainda
mais quando a pescaria começa a render literalmente peixões, mas nem desconfiam
que o misterioso capitão Belvin Lee Smith (Richard Riehle) está oferecendo a
eles um tipo de isca muito especial, mais cara e eficiente que as comuns: carne
humana. Não demora muito para a embarcação apresentar problemas e deixar os
jovens à deriva, mas logo um outro barco surge e seus tripulantes oferecem
ajuda quando na verdade estão pescando facilmente suas novas vítimas. Smith faz
parte deste bando que sequestra, estupra e mutila em alto-mar, mas dificilmente
algum espectador estará disposto a torcer para que alguém sobreviva ao massacre.
Escrito e dirigido por Matt L. Lockhart, a produção começa com sinais de que do
início ao fim a grande diversão será contar os seus erros, a começar pela
ridícula abertura que já entrega o ouro mostrando uma garota sendo caçada por
um dos bandidos, cena sem um pingo de tensão, mas risos garantidos com a
atuação forçada da moça.
Falando em atuações, o desempenho do elenco jovem na
primeira parte compromete totalmente a produção, mas não é culpa apenas dos
sarados e das gostosas. Lockhart oferece um texto ridículo, inconsistente e
pontua seu trabalho com situações e diálogos que outrora fariam
Maré de Sangue bombar
nas madrugadas de sábado da TV Bandeirantes. Captou a mensagem? Sim, o início
lembra um pornô soft, inclusive com trilha sonora característica e peitos
siliconados, mas felizmente o diretor não chega aos finalmentes e corta o
barato da galera relativamente rápido, porém, não a ponto de salvar seu
trabalho de opinião negativas. A primeira impressão é a que fica e neste caso é
das piores, ainda que a trama se torne minimamente tragável quando o longa
assume sua faceta obscura, com direito a doses generosas de sangue e violência
afinal temos uma espécie de açougue em alto-mar. Os jovens são mutilados ainda
vivos com requintes de crueldade e Lockhart passeia com sua câmera pela
carnificina aparentemente com prazer e embalado pela gritaria das garotas e
barbados, mas nada que impacte em tempos pós
Jogos Mortais. O que merece um
elogio é o fato do roteiro manter vivos a maioria dos personagens até pouco mais
de uma hora de projeção, inclusive a loira gostosa que sobrevive a vários
ataques, perfil que geralmente é um dos primeiros a ser limado em fitas de
seriais killers que se encarregam de punir os lascivos o quanto antes. Bem, se
fosse assim não haveria nem o fiapo de história para segurar este filme, afinal
todos só pensam naquilo. A reta final reserva aquele manjado corre-corre para
aumentar a adrenalina do espectador e não permitir que ele pense de imediato
nos erros e clichês e acabe avaliando a fita como razoável baseando-se no
último ato. Todavia, a ponta para uma sequência nos faz recobrar a consciência
e lembrar com raiva dos cerca de noventa minutos perdidos com esta baboseira.
Felizmente não houve produtor, diretor ou roteirista fisgado para levar adiante
uma parte 2. Que a ideia continue submersa.
Terror - 94 min - 2011
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