Nota 4,5 Mesmo com mudança do ator principal, comédia consegue alcançar seus rasos objetivos
É natural que qualquer
sequência gerada mesmo que de um sucesso desperte desconfianças quanto as
qualidades e o nível de diversão oferecidos por ela em relação ao original. O
pé atrás é ainda maior caso essa segunda parte seja lançada diretamente em home
vídeo e seu protagonista seja trocado. George, O Rei da Floresta 2 sofre
com todos os preconceitos possíveis que acabam por rotular automaticamente uma
continuação como um autêntico caça-níquel, mas há exceções. Este trabalho do
diretor David Grossman consegue fugir deste estigma e ser tão bom quanto o
original, guardadas as devidas proporções e obviamente levando em consideração
o público-alvo a quem a fita se destina. A trama acontece após cinco anos que
Ursula (Julie Benz) se uniu a George (Christopher Showerman). Eles já têm um
filho, o pequeno George Jr. (Angus T. Jones), e isso obriga o Rei da Floresta a
dividir o seu tempo entre as obrigações com a família e os problemas dos
animais que habitam sua vizinhança, mas mesmo assim o herói paspalhão vive
feliz. Quer dizer, isso até que sua sogra, a maldosa Beatrice Stanphoe
(Christina Pickles), aparece para fazer a cabeça de sua filha para que ela e o
neto passem a morar em São Francisco rodeados do bom e do melhor (e também do
pior) que a civilização pode oferecer. Ela
também quer tomar conta das terras de George e para tanto precisa roubar um
documento que está com o rapaz. Na cidade grande, seus planos maquiavélicos
ganham um importante aliado: Lyle (Thomas Haden Church), o ex-noivo de Ursula
que está disposto a tudo para recuperar sua amada, também fazendo a cabeça dela
para ela abandonar o marido e a selva.
Brendan Fraser na época deste
lançamento já era um astro graças ao sucesso da aventura A Múmia e acabou cedendo espaço para Showerman dar vida ao
protagonista, uma espécie de Tarzan moderno. O intérprete do herói mudou, assim
como a atriz que vive seu interesse amoroso, mas o vilão é interpretado pelo
mesmo ator do original e foram mantidas as características das histórias
criadas por Jay Ward na década de 1960 para uma série homônima animada para a
TV. Esta continuação ganha até alguns pontinhos a mais com o espectador por
fazer graça assumindo a sentida troca do ator principal e resgatando passagens
da primeira aventura, não jogando para debaixo do tapete que mudanças
ocorreram. Outro ponto positivo do roteiro de Jordan Moffet é o investimento em
referências a outros títulos de sucesso como As Panteras e King Kong,
o que ajuda a entreter o público que se diverte descobrindo tais homenagens.
Por outro lado, os efeitos especiais empregados para juntar os animais da
floresta nas cenas por vezes são bem perceptíveis, mas lembrando que como
entreter as crianças é o foco esses problemas podem passar despercebidos,
embora a galerinha esteja cada vez mais ligada e exigindo imagens perfeitas
devido ao uso exagerado de tecnologia nas produções infantis. Não sendo muito
“cri-cri”, dá para encarar George, O rei da Floresta 2 sem
grandes traumas. Esta segunda aventura do herói prova que dá sim para se fazer
um bom filme, dentro do possível é claro, mesmo sem ter um ou outro elemento
principal da obra original. Basta ter criatividade e foco atento as raízes do
projeto. O próprio personagem-título faz uma boa justificativa em tom de
deboche logo na introdução. Em outras palavras, ele diz que o estúdio não tinha
dinheiro para chamar o ator do primeiro filme e então contrataram um novo
George. É em tempos em que um Fraser valia peso de ouro e as bilheterias Disney
decepcionavam, o jeito era dar um jeitinho aqui e ali e tocar o barco da melhor
forma.
Comédia - 87 min - 2003
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