Nota 6,0 Variação do personagem Tarzan consegue prender atenção em comédia previsível
O lendário personagem Tarzan,
criação original de Edgar Burroughs, já foi protagonista de muitas aventuras no
cinema e na televisão, mas também serviu de inspiração a outros tantos tipos de
humanos que acabaram sendo criados em meio a selva por animais considerados
selvagens. George, O Rei da Floresta é um deles. O longa é baseado nas
aventuras dos personagens criados por Jay Ward para um seriado de animação para
a TV datado dos anos 60. O tom de homenagem começa logo pela introdução que
explica as origens do protagonista através de um desenho animado, além da
narração em off que pontua a narrativa colaborar para a sensação de nostalgia. No
coração da selva africana, um bebê é criado por um grupo de gorilas,
tornando-se um rapaz forte e valente, porém, muito desastrado e inocente.
Ele é George (Brendan Fraser), conhecido também como o Rei da Floresta. Um dia,
aparece em seu território Ursula Stanhope (Leslie Mann), uma jovem que
vai explorar a selva africana. Logo seu noivo Lyle Van de Groot
(Thomas Haden Church) decide ir à África para encontrá-la e conta a todos
da expedição a lenda do "macaco branco", o que alimenta a cobiça dos
caçadores Max (Greg Crutwell) e Thor (Abraham Benrubi). Eis que num momento de
perigo, o tal macaco surge para salvar Ursula e a leva para sua casa e se
apaixona na hora. Enquanto os dois começam a se aproximar, o medroso Lyle
planeja resgatar sua noiva e capturar George para levá-lo à São Francisco
com má intenções. Pela cartilha das sessões da tarde, um rapaz totalmente
selvagem e sem cultura em uma cidade grande e moderna só pode significar
uma coisa: confusão à vista!
Com direção de Sam Weisman, o
longa não esconde sua previsibilidade e tenta fazer desse ponto que deveria ser
negativo o seu grande trunfo, sendo que o roteiro de Audrey Wells, dos futuros Treinando o Papai e Os Smurfs, vira e mexe procura motivos para rir de sua própria
falta de originalidade. Contudo isso não é problema visto que o público-alvo da
produção ainda está tendo os primeiros contatos com o mundo do cinema e
conhecer os clichês faz parte do aprendizado. Geralmente os live actions
infantis da Disney não se saem muito bem nas bilheterias, mas George,
O Rei da Floresta, até bateu as bilheterias arrecadas pelo grande
desenho anual do estúdio, Hércules, e
de quebra catapultou a carreira do até então coadjuvante e pouco conhecido
Fraser. A receita deste sucesso inclui os ingredientes básicos de produções do
tipo como animais falantes e brincalhões, uma mocinha em perigo, um vilão
querendo ser mais do que pode e as piadas comuns sobre a adaptação de um ser a
um meio com o qual ele não tem um mínimo de intimidade. A versão deste Tarzan
pré-século 21 mantém a força e a valentia do original, mas torna-se um sujeito
paspalhão e adorável para acentuar o tom humorístico da obra, porém, seu algoz
carrega nas tintas e surge como um rival estereotipado e sem grandes momentos
de embate com o herói. Todavia, esta comédia cumpre bem a função de entreter os
pequenos, seus reais objetivos, mas os adultos que não deixam a criança que
existe dentre de si morrer devem se divertir e relaxar. A produção gerou uma
sequência lançada diretamente em home vídeo, mas sem Fraser no papel principal.
Ele já estaria em outro patamar da carreira com o meteórico sucesso de A Múmia. Uma última observação: é
essencial ficar de olho nas crianças para evitar que elas trombem em portas e
paredes tal qual o protagonista. O Ministério da Saúde agradece.
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