Nota 1,0 Longa aborda a realização do sonho da fama repentina com todos os clichês possíveis
O acervo da “Sessão da Tarde” e também dos canais pagos,
principalmente o da Disney que exibe suas próprias produções feitas
exclusivamente para a TV, estão lotados de filmes água-com-açúcar que mostram
garotas sonhadoras que da noite para o dia se tornam estrelas pop e de quebra
conquistam seu príncipe encantado. Essa fórmula de sucesso é pré-histórica e já
serviu para lançar muitas meninas que instantaneamente passaram a ser
idolatradas por crianças e jovens, como Hilary Duff que aproveitava as
oportunidades de atuar para também divulgar sua carreira como cantora. Com o
fenômeno High School Musical a trinca adolescentes, música e filmes
foi intensificada e mais e mais produções surgiram seguindo esse filão, porém,
com raríssimas exceções, eles são apenas passatempos bobinhos para matar o
tempo como é o caso de 30 Dias Para o Amor. Cole Thompson (Sean Patrick
Flanery) é um caçador de talentos que tem exatos 30 dias para descobrir uma
nova estrela da música pop-latina para apresentá-la em um festival e assim
conseguir sua tão sonhada promoção na agência. Após uma definitiva reunião com
seu chefe, é na recepção da própria empresa em que trabalha que o rapaz
encontra por acaso a garota perfeita. Ou quase isso. Maggie Moreno (Camille
Guaty) é uma desengonçada entregadora de encomendas que sonha em um dia ser uma
diva da música e por isso não demora a aceitar a proposta do rapaz. Com um
rostinho bonito e um corpo delgado, o resto dá-se um jeito. Ela se muda para a
casa de Thompson para não perder um único minuto de todo o processo de
preparação de uma jovem comum à estrela, mas conforme o tempo passa ambos
percebem que os interesses de um pelo outro não são apenas profissionais, tudo
como manda a cartilha do gênero. Porém, até a data de lançamento desta cantora
muita coisa pode acontecer, mas alguém dúvida que nasce uma estrela? Investindo
no clichê da latina que desponta no mundo da música, o roteiro de Laura
Angelica Simon sofre de uma crise de originalidade e inteligência do início ao
fim, resumindo-se a uma colcha de retalhos.
Este preguiçoso trabalho da diretora Gabriela Tagliavini já
demonstrava sua falta de sensibilidade atrás das câmeras e seu apreço pelo
estilo kitsch, isso algum tempo antes de lançar Cadê os Homens?, uma
tremenda atrocidade com a arte de fazer cinema. Pelo menos com 30 Dias Para o
Amor ela não ofende tanto a inteligência do espectador (entenda-se garotas
educadas pelo Disney Channel e afins). Anos-luz de distância de realizar uma
comédia romântica marcante, a cineasta apenas prepara um tradicional prato
feito carregado no açúcar e com toques de uma pimenta que não arde nem um pouco.
Seria ingenuidade demais acreditarmos que um rapaz que almeja um cargo de
responsabilidade e astúcia em uma agência de celebridades acreditaria no
potencial de uma jovem bonita, porém, estabanada e que ele nem ao menos ouviu
cantar um só verso musical. Ou seria uma crítica implícita sobre como a beleza
pode se sobrepor ao talento? Não, pelo andar da carruagem tal pensamento não
chegou a ser cogitado. É quase como um conto de fadas este enredo. Além de o
produtor achar sua musa logo após uma reunião na qual recebeu um ultimato do
chefe, coincidentemente ser uma cantora é o maior sonho dela. Para tanto, a
moça também tem uma espécie de fada-madrinha para lhe dar um banho de loja e de
etiqueta, além é claro de aulas de canto. Rapidamente ela está pronta para ser
lançada como uma mistura pobre de Beyoncé e Shakira, mas obviamente ela tem uma
petulante rival a enfrentar. Quem vai ganhar essa parada? Além de toda a
previsibilidade do roteiro repleto de situações forçadas e diálogos mal
construídos, ainda temos que aguentar personagens que são puros arquétipos e
uma estética visual vibrante além da conta. Isso sem falar na agitada e
irritante trilha sonora que exagera na dose de latinidade. Com todo esse
material de primeira não é de se estranhar que o filme é bem curto, assim não
sendo uma opção tão torturante caso você seja obrigado a assistir com amigos ou
com a namorada. Tão rápido quanto sua duração só mesmo o tempo que você levará
para esquecê-lo.
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