Nota 3 Longa até tem premissa interessante e crível, mas não demora a cair na mesmice e entediar
Dia dos namorados é sinônimo de amor, beijos, carinhos, flores, chocolates e presentes, mas um casalzinho distraído dando sopa pela noite é o fetiche dos seriais killers de plantão nesta data. O cinema de horror adora situações do tipo, independente se é dia de comemoração ou não, e muitos assassinos sádicos já saciaram suas vontades de sangue e dor se divertindo com jovenzinhos a paisana, mas O Dia do Terror foi lançado com o intuito de mexer com os ânimos dos enamorados bem no período em que tradicionalmente celebram suas uniões, porém, não estragou os festejos de ninguém provavelmente. O problema é que fora o pano de fundo das comemorações do valentine’s day (dia dos namorados em inglês), o longa se resume a mais do mesmo. Troca-se a máscara, os instrumentos de tortura são os mais variados de acordo com o que está mais à mão, mas o instinto de espalhar o medo é o mesmo, assim como o prazer em ver alguém agonizando de forma brusca. De qualquer forma, o ponto de partida é interessante e não estranhe se encontrar alguém que diga que se identifica com a premissa. Quem nunca sofreu alguma frustração de caráter amoroso ao menos uma vez na vida?
O problema é quando a mágoa vai sendo alimentada com o passar do tempo. É aí que o bicho pega e tal ideia é que motivou a criação de uma trama a respeito de um grupo de amigas que agiram pelo impulso e malandragem e não pensaram nas consequências de seus atos. No passado, Kate (Marley Shelton), Paige (Denise Richards), Dorothy (Jessica Capshaw), Lily (Jessica Cauffiel) e Shelly (Katherine Heigl) humilharam um jovem inseguro e deslocado da turma da escola. Durante uma festa, o nerd tentou paquerar todas elas, mas somente a gordinha Dorothy correspondeu e chegou a beijá-lo, mas o acusou de tê-la assediado propositalmente quando foram pegos por um grupo de colegas zombadores. Ridicularizado e violentado, o garoto acabou sofrendo um grande trauma, teve seu futuro destruído e passou a nutrir um incontrolável ódio dentro de si. Anos mais tarde, as garotas ainda não estão casadas e compartilham sonhos e segredos como nos tempos de escola, mas a violenta morte de uma delas acaba trazendo consequências para a vida das demais. Na época do Dia dos Namorados, um assassino usando máscara de querubim e trajando um casacão negro ameaça as moças com presentes macabros, mas pessoas próximas a elas também não estarão livres do massacre.
A julgar pelos presentinhos, como cartões com mensagens ameaçadoras, as meninas desconfiam de que o assassino mascarado seja realmente o tal nerd que agora quer vingança, mas como elas não o veem há muitos anos este homem pode até já ter se infiltrado facilmente na vida delas sem levantar suspeitas. As desconfianças aumentam quando seus namorados passam a ser perseguidos e mortos também. O assassino misterioso planejou muito bem sua vingança, tanto que deixou o grand finale da ação para acontecer em uma festa na casa de Dorothy, uma balada literalmente de matar. Diante dos fatos, antes dos festejos a polícia, representada pelo detetive Vaughn (Fulvio Cacere), já está no encalço do criminoso, mas para variar neste tipo de filme a lei é frouxa e resta aos jovens salientes tentar salvar a própria pele, mas isso fica difícil quando eles só estão pensando em sexo e bebidas. A receita do filme de seriais killers é a mesma: jovens inconsequentes passam a ser vítimas de maníacos que tem algum trauma do passado. Pode haver uma modificação aqui ou ali, mas a base das narrativas são sempre as mesmas.
O Dia do Terror é mais um exemplar de terror adolescente que não acrescenta nenhuma novidade ao subgênero para deixá-lo em um patamar acima de outros títulos desta seara. O próprio diretor australiano Jamie Blanks já havia pisado neste terreno em seu filme anterior, Lenda Urbana, mas achou que o filão ainda poderia ser mais explorado. Donna Powers e Wayne Powers adaptaram o romance homônimo de Tom Savage na expectativa de criarem uma opção diferente para curtir em um dia romântico visando o público teen, teoricamente adepto de adrenalina e pegação, mas acabaram se enrolando em uma trama onde o que importa é a matança de personagens, aliás, diga-se de passagem, muitos que não tem função alguma, a não ser ampliar a lista de óbitos para tentar bater o recordes de mortes em um único filme. Apesar das várias sequências furadas, as cenas violentas que importam mais ao público-alvo compensam os deslizes. Há um leque muito grande de opções para o espectador tentar desvendar quem é o sádico vilão, mas o final pode decepcionar por deixar dúvidas no ar, um gancho explícito para uma continuação que nunca veio a ser realizada.
No elenco, na época se apostava muito na projeção do galã David Boreanaz que foi revelado na série de TV "Buffy - A Caça Vampiros" e logo ganhou seu próprio seriado, "Angel". É nítida a intenção da produção em tentar alavancar a sua carreira alçando-o ao posto de galã vivendo o namorado de Kate, um jornalista que luta contra o vício do alcoolismo, personagem que busca certa profundidade em meio a um enredo tão raso, mas que acaba se complicando ao ter que deixar no ar ao mesmo tempo certo clima de mistério em torno de sua figura. Após esta tentativa, o frisson em torno do ator esfriou e ele não conseguiu se fixar entre os grandes ídolos das adolescentes e tampouco turbinou as bilheterias ou repercussão do filme. De qualquer forma, os aficionados por seriais killers devem se entreter com a produção que não chega a ser um lixo total graças a umas excêntricas sequências de matança, mas deixa a desejar por repetir velhos truques do gênero, inclusive falhas, e não trazer inovações. Porém, é impossível não esboçar um sorrisinho ou até uma gargalhada ao ver uma pessoa com máscara de anjo cometendo assassinatos. Esquisito, mas dá para engolir com a ajuda de pipoca e refrigerante.
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o dia do terror é mais filme batido, dos roteiros que se assemelham a sexta-feira 13 e afins, eu não recomendo, mas se vc quiser ve-lo, no final verá que estava dizendo a verdade...quer perder tempo, assista...
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