Nota 7 Com temática sexual, comédia surpreende com texto mais maduro e piadas inteligentes
Todo homem hétero (ou que finge ser) gosta em uma roda de amigos de bancar o pegador e se gabar de ficar ou levar para cama mais de uma mulher em uma mesma noitada. Agora, será que alguém se orgulharia de passar muito tempo sem sexo? Esse é o desafio que o jovem Matt Sullivan tenta vencer na comédia 40 Dias e 40 Noites, uma espécie de filhote não-reconhecido da franquia American Pie. Vivido por Josh Hartnett, colhendo frutos do épico Pearl Harbor e então uma promessa de astro que não vingou, o protagonista acaba de terminar de forma desastrosa o relacionamento com Nicole (Vinessa Shaw) e decide cair na farra. Como numa espécie de vingança contra o sexo feminino, ele passa a dormir com praticamente todas as garotas que cruzam seu caminho, como se a maioria fosse se importar de ser usada. Contudo, ele passa a enxergar em todas as mulheres o semblante da ex ou fica sentindo que está fazendo algo errado, assim decide que é hora de dar um tempo em sua vida sexual.
O rapaz então faz uma promessa a si mesmo: ficará uma temporada sem qualquer tipo de contato físico com o sexo oposto e até pensamentos que induzam a masturbação também são proibidos durante pouco mais de um mês. Inicialmente, Sullivan até resiste as tentações e conta com o apoio de seu irmão John (Adam Trese), que está estudando para ser padre e o aconselha quanto aos pecados da carne, mas quando conhece Erica (Shannyn Sossamon), que julga ser a companheira ideal, seus planos de castidade podem ir por água abaixo. Eles começam a ter encontros frequentes amigavelmente, mas esfriar os hormônios não será nada fácil. Superando muitas tentações, até mesmo simples publicidades estampadas por garotas bonitas, Matt e Erica planejam uma grande noite de amor quando a promessa acabar. Obviamente ela desconhece esse segredo e ele aproveita o tempo para conquistar a moça se apresentando como um cavalheiro e disposto a viver uma relação séria, não apenas sexo.
Sullivan tem de lidar com as fragilidades humanas diante da negação sexual, tarefa que fica ainda mais complicada depois que todas as garotas da faculdade resolvem assediá-lo para por fim à tal quaresma. Como descobriram a promessa? O rapaz sofre pressão dos amigos do trabalho para deixar de lado a castidade, tudo para ganharem um bolão promovido por Ryan (Paulo Costanzo) que lançou a proposta em uma página na internet. Com lances de grana alta em jogo e a participação de desconhecidos, a vida sexual do jovem então passa a ser acompanhada com torcida e atenção como uma final de Copa do Mundo. Nicole, por sua vez, toma conhecimento sobre as opostas e decide entrar em ação para seduzir seu ex e quebrar seu jejum sexual. Além de ridicularizar o cara, a intenção é que Erica acredite ter sido traída e o abandone.
As comédias voltadas aos adolescentes e com apelo sexual, quase sempre destinadas ao público masculino, são praticamente um subgênero, porém, o diretor Michael Lehman adotou um ponto de vista diferenciado, mais maduro para tratar da temática. Produções caracterizadas pelos exageros e grossura, 40 Dias e 40 Noites foge à regra dos filmes desta seara e até dialoga melhor com marmanjos acima dos 25 anos que em geral já convivem com a ideia de viverem relacionamentos sérios, mas sentem receio de abandonarem a vida sem amarras. Esta produção trata-se uma comicidade mais inteligente e até mesmo crítica, visto que a certa altura até o aspirante a padre também revela que desconfia não ter tanta vocação para o celibato católico. Os tempos são outros e até os religiosos aprontam das suas na juventude antes de definirem o que desejam para suas vidas.
O roteiro de Rob Perez comprova que comédias do tipo não precisam necessariamente apelar para baixarias. Claro que há uma outra bizarrice, como o protagonista tendo visões de que todas as mulheres saíram de casa sem colocar sutiã ou quando seu chefe, por engano, toma uma dose cavalar de remédio para impotência sexual, mas tudo perfeitamente dentro do contexto e com um humor diferenciado ao estilo que Hollywood está acostumada a oferecer. Mesmo sem contar com piadas escatológicas ou de cunho preconceituoso com homossexuais, tão comuns ao estilo, o longa até que conquistou os jovens estadunidenses. Só nos cinemas americanos arrecadou mais que o dobro de seu paupérrimo orçamento, mas no Brasil não foi o sucesso esperado, provavelmente porque o público esperava mais do mesmo e, pelo enredo ter um viés mais alinhado com o universo do público masculino, afastou as plateias femininas que é quem geralmente puxa seus companheiros para o cinema.
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