Entre uma comédia romântica e um romance propriamente dito, embora ambos geralmente envolvam casais que vão passar os filmes às turras para no final se entenderem, o primeiro gênero costuma agradar mais ou agregar mais público por servir de desculpa para os homens se entreterem com uma história de amor. O que acontece é que algumas produções do tipo as vezes são vendidas de forma errada como é o caso de Novidades no Amor, que apesar da leveza é um romance enfadonho com pouquíssimas cenas de humor, além do título vender mal a ideia. De novidades o longa escrito e dirigido por Bart Freundlich não tem absolutamente nada. Sandy (Catherine Zeta-Jones) é uma quarentona recém-divorciada que junto com os dois filhos pequenos se muda para Nova York para recomeçar a vida. Sempre que precisa ela conta com a ajuda de Aram Finklestein (Justin Bartha), um jovem quinze anos mais novo que trabalha na cafeteria que fica no primeiro andar de seu prédio, e que aceita ganhar alguns trocados extras cuidando de suas crianças.
Pouco a pouco, o jovem e a balzaquiana
vão descobrindo afinidades e criando afeição até que se descobrem apaixonados.
Agora eles terão que enfrentar as dificuldades comuns a um romance entre
pessoas com relativa diferença de idade. Ela terá que saber lidar com piadinhas
e perguntas de curiosos, convencer os filhos que o babá será mais que um
simples amigo da família e, principalmente, ela própria aceitar dar uma nova
chance ao amor e superar seus receios. O companheiro, por sua vez, terá que
amadurecer e superar o preconceito da própria mãe quanto ao relacionamento.
Claro que para sustentar o longa, os protagonistas não tem apenas o dilema
amoroso a resolver. Sandy é formada em jornalismo, mas não tem experiência
profissional alguma. Abriu mão da carreira para cuidar da família e da casa e
agora se vê tardiamente à mercê do restrito mercado de trabalho. Aram também é
diplomado, mas é outro que não encontra seu lugar na vida profissional e
contentou-se com o emprego como atendente, muito porque sua vida perdeu o
sentido depois que descobriu que a ex-namorada estava com ele apenas pelo
interesse de que com o casamento pudesse garantir seu visto de permanência nos
EUA.
Claro que
como toda obra água-com-açúcar que se preze os problemas do casal serão
resolvidos rapidamente, assim Sandy consegue um trabalho que lhe garante um
padrão de vida razoável e Arom redescobre o prazer de viver quando a conhece,
embora a ambição de encontrar uma ocupação melhor permaneça adormecida por puro
comodismo, afinal depois de servir cafés basta subir alguns andares para
assumir o papel de babá no andar de cima. Além de paquerar a patroa, como uma
criança grande ele ainda pode se divertir com os filhos dela jogando videogame
e fazendo bagunça. A temática do relacionamento entre uma mulher mais velha e
um homem mais jovem é bastante corriqueira no cinema, citando só como alguns
exemplos Terapia do Amor e Nunca é Tarde Para Amar lançados
alguns anos antes. Mudam-se os atores e cenários, mas geralmente tais enredos
giram em torno de rapazes imaturos que forçosamente aprendem a lidar com
responsabilidades para garantirem independência e assim assumirem uma relação que
exige serenidade e compreensão para lidarem com críticas e piadinhas.
Pode parecer estranho que produções dos
primeiros anos do século 21 ainda abordem o preconceito com este tipo de
relação, mas elas só refletem a imagem da sociedade antiquada que ainda
sobrevive e predomina na maior parte das culturas. Aparentemente temos mais
liberdades nesses novos tempos, mas não é a mesma coisa ser um entusiasta da
luta a favor de uma causa ou ter que lidar com a mesma em seu círculo de
amizades ou familiar. Curioso que a própria Zeta-Jones é casada com um homem 25
anos mais velho, o ator Michael Douglas, mas desde o início da relação não
sofreram constrangimentos, ao menos não escancarados, talvez por serem ricos e
famosos. Já sua personagem e seu affair são pessoas comuns que não estão
blindadas pelos holofotes. Novidades no Amor carece de mais conflitos
externos para desenvolver a relação do casal protagonista, porém, seguindo essa
linha, possivelmente não haveria espaço para a comédia, ainda que Freundlich ofereça o humor em doses
mínimas e quase imperceptíveis.
No conjunto, o grande problema do longa é o fato do casal não cativar, não há química entre seus intérpretes e a aproximação entre os personagens soa abrupta. Assim, não há muito o que se esperar deste trabalho de Freundlich que assim como em Totalmente Apaixonados, seu filme anterior, é calcado em estereótipos, piadas sem graças e forçadas e atuações artificiais. Nem mesmo as crianças, Sadie (Kelly Gould) e Frank Jr. (Andrew Cherry), conseguem ser espontâneas. Bastante irregular, tentando construir uma narrativa séria e ao mesmo tempo divertida, o longa se sai melhor quando flerta com temas envolvendo a convivência em família, o que o aproximaria mais de um drama. Pena que a obsessão em entregar um romance force a barra para acreditarmos em uma relação cujo problema não é exatamente a diferença de idade e sim a falta de empatia e sentimentos verdadeiros.
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