Nota 7,0 Filme-catástrofe sul coreano foge dos estereótipos americanos e investe em tom crítico
Quando se fala em cinema oriental
logo nos vem a cabeça o Japão e a China como grandes pólos de produção, um
ganhando fama como celeiro de filmes de terror e o outro como a terra das fitas
de lutas marciais. Todavia, a Coréia do Sul, sendo uma das economias mais
prósperas dos primeiros anos do século 21, também tem investido na indústria
cinematográfica. Exibido com boas críticas no Festival de Locarno e com
bilheteria expressiva em seu país-natal, o drama com toques de suspense O Túnel é um bom exemplo de como o cinema local
tem evoluído. Certo dia, quando voltava para casa dirigindo por uma estrada
tranquila, o vendedor de carros Lee-Jung Soo (Ha Jung-Woo) acaba sendo
surpreendido pelo desabamento de um túnel e fica preso nos escombros. A partir
deste momento o roteiro acompanha a luta pela sobrevivência deste homem aprisionado
dentro de seu carro parcialmente destruído. Do lado de fora, as autoridades se
esforçam para elaborar algum plano de resgate e a mídia deita e rola em cima da
tragédia. A vítima tem como única ferramenta de comunicação com o mundo
exterior seu celular, ainda que com a bateria por um fio, e assim consegue ter
consciência das consequências deste acidente e receber conselhos, como
economizar ao máximo água para aguentar a espera por socorro que pode demorar
vários dias. Aqui não temos heróis anabolizados de plantão para o resgate,
apenas pessoas comuns envolvidas em uma situação extrema. Além do drama do
protagonista, a trama também acompanha o trabalho de Dae-Kyung (Oh Dal-su), o
chefe do departamento de segurança que realmente está empenhado em solucionar o
caso, e o desespero de Se-Hyun (Bae Doona), a esposa de Jung Soo que decide
ajudar como voluntária junto à equipe de resgate. Como todo filme de catástrofe
que se preza, aqui temos intensas cenas de tensão e claustrofobia. A câmera
dentro do carro no momento do acidente, por exemplo, faz com que o espectador
de fato se sinta dentro da ação sem a necessidade de efeitos tridimensionais.
Os closes constantes no rosto da vítima no decorrer da produção também ajudam a
intensificar a sensação de pouco espaço dentro do veículo.
Se virando para fazer render duas míseras garrafas de água, mesmo que dividindo com Mi-na (Nam Ji-hyun), outra vítima que tenta ajudar, e deixando evidente que busca forças na esperança de reencontrar sua família, chega um ponto que fica difícil acreditar que o protagonista conseguiria sobreviver por tanto tempo a condições tão adversas. O próprio enredo não seguraria as pontas focado apenas neste argumento. Escrito e dirigido por Seong-hun Kim, o longa, apesar de alguns momentos de monotonia e duração excessiva, consegue ir além do drama do soterrado, abordando também um tom crítico quanto as intervenções políticas e da mídia no caso que ganha proporções exageradas. As empresas que realizam obras públicas em sua maioria não se preocupam em entregar um bom serviço. O objetivo é economizar na mão-de-obra e materiais e tirar algum lucro extra, assim como os governantes que aprovam os projetos e tentam esconder as falhas sempre visando o superfaturamento. As autoridades também tentam prolongar ao máximo o drama da vítima para poderem marcar presença com seus militares, bombeiros e afins para mostrarem serviço. Uma campanha política do tipo, de alta repercussão e sem custos, é sempre bem-vinda para eles. Já a imprensa, mais preocupada com sensacionalismo do que em informar verdadeiramente, faz o que pode para transformar o acidente em praticamente um reality show. Ao descobrir o nome e telefone da vítima, um repórter não pensa duas vezes antes de procurar manter contato telefônico buscando detalhes sobre a sensação de estar soterrado e o mesmo não esconde sua decepção quando escuta um socorrista dizer que o desfecho desta história pode ocorrer antes do previsto. Já estava sendo preparada até uma matéria a respeito do recorde de tempo de sobrevivência a uma tragédia do tipo e quando o caso ganha fama internacional, já começam a noticiá-lo de forma banal apenas para mantê-lo em evidência. Com algumas sequências de alívio cômico e um bom trabalho técnico, como os efeitos sonoros que destacam barulhos de metais rangendo, pedras e terra caindo e a própria respiração ofegante do protagonista, O Túnel é uma gratificante experiência que evita o dramalhão e foge completamente do estilo de filme-catástrofe ao qual estamos acostumados. Não é perfeito, mas vale a pena para conhecer um pouco do cinema sul coreano.
Se virando para fazer render duas míseras garrafas de água, mesmo que dividindo com Mi-na (Nam Ji-hyun), outra vítima que tenta ajudar, e deixando evidente que busca forças na esperança de reencontrar sua família, chega um ponto que fica difícil acreditar que o protagonista conseguiria sobreviver por tanto tempo a condições tão adversas. O próprio enredo não seguraria as pontas focado apenas neste argumento. Escrito e dirigido por Seong-hun Kim, o longa, apesar de alguns momentos de monotonia e duração excessiva, consegue ir além do drama do soterrado, abordando também um tom crítico quanto as intervenções políticas e da mídia no caso que ganha proporções exageradas. As empresas que realizam obras públicas em sua maioria não se preocupam em entregar um bom serviço. O objetivo é economizar na mão-de-obra e materiais e tirar algum lucro extra, assim como os governantes que aprovam os projetos e tentam esconder as falhas sempre visando o superfaturamento. As autoridades também tentam prolongar ao máximo o drama da vítima para poderem marcar presença com seus militares, bombeiros e afins para mostrarem serviço. Uma campanha política do tipo, de alta repercussão e sem custos, é sempre bem-vinda para eles. Já a imprensa, mais preocupada com sensacionalismo do que em informar verdadeiramente, faz o que pode para transformar o acidente em praticamente um reality show. Ao descobrir o nome e telefone da vítima, um repórter não pensa duas vezes antes de procurar manter contato telefônico buscando detalhes sobre a sensação de estar soterrado e o mesmo não esconde sua decepção quando escuta um socorrista dizer que o desfecho desta história pode ocorrer antes do previsto. Já estava sendo preparada até uma matéria a respeito do recorde de tempo de sobrevivência a uma tragédia do tipo e quando o caso ganha fama internacional, já começam a noticiá-lo de forma banal apenas para mantê-lo em evidência. Com algumas sequências de alívio cômico e um bom trabalho técnico, como os efeitos sonoros que destacam barulhos de metais rangendo, pedras e terra caindo e a própria respiração ofegante do protagonista, O Túnel é uma gratificante experiência que evita o dramalhão e foge completamente do estilo de filme-catástrofe ao qual estamos acostumados. Não é perfeito, mas vale a pena para conhecer um pouco do cinema sul coreano.
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