Nota 3,5 Apesar da boa ambientação e argumento, longa falha no clímax optando pela fantasia
Medo do escuro, de elevadores e até de dirigir. O cinema já
explorou todos eles e é claro que a fobia de viajar de avião também não
deixaria de ser usada como inspiração. De produções bem elaboradas, como
Plano
de Voo, a produções trash, como
Serpentes a Bordo, muitos personagens já sofreram
um bocado nas alturas e não é diferente com a turma de adolescentes que embarca
no pesadelo de
Altitude, razoável suspense que usa de forma eficiente o cenário
claustrofóbico de um pequeno jatinho planando em uma noite fria e de
tempestade. Bruce (Landon Liboiron), Sal (Jake Weary), Cory (Ryan Donowho) e
Mel (Julianna Guill) estão entusiasmados com a viagem que farão para irem
assistir um show e Sara (Jessica Lowndes) tenta manter o mesmo espírito, mas no
fundo está apreensiva. Traumatizada desde a infância com a morte da mãe que era
piloto e sofreu um misterioso desastre aéreo junto a uma família de
passageiros, recentemente ela concluiu seu curso de pilotagem (mais tarde
entenderemos o porquê de escolher essa carreira) e seria a primeira vez que
conduziria uma aeronave como profissional. O voo começa tranquilamente, apesar de umas
brincadeiras sem graça entre os tripulantes, mas não tarda para que as coisas
desandem. Em meio a nuvens carregadas para uma tempestade, controles
inesperadamente param de funcionar, a aeronave começa a subir mais que o
inesperado, os sistemas de aquecimento interno e externo falham e parecem não
resistir a gélida temperatura e ao mesmo tempo o combustível está acabando.
Como desgraça pouca é bobagem ainda existe a ameaça de algum tipo de força
obscura manifestada na forma de uma criatura com enormes tentáculos rondando o
avião. O clima de pânico toma conta de todos trazendo à tona segredos e
revelando o verdadeiro caráter de alguns.
Certamente você já deve conhecer esta história. Muda uma
coisinha aqui outra ali, troca-se o cenário, mas no fundo o argumento é
repetitivo. Quantos filmes você já não viu sobre grupo de jovens que em
situações de perigo deixam cair suas máscaras e do medo aflorar rixas e
desconfianças? O roteiro de Paul A. Birkett tenta disfarçar os clichês, mas não
vai muito além dos arquétipos já manjados. Temos uma heroína desde o início
anunciada, o bad boy, o esquisitão, a gostosona da turma e o cara boa praça que
será um dos primeiros a ser limado da trama. Com um elenco tão enxuto os
voyeurs masoquistas não têm muito com o que se animar. A primeira cena de morte
é muito bem elaborada e tensa, mas as demais são rápidas e nada surpreendentes.
O enredo desperdiça os desdobramentos que o desparecimento do primeiro
integrante poderia provocar parecendo que o roteirista elaborou previamente a
trama até este ponto. Daí por diante se perdeu entre manter o tom realista ou
embarcar para o lado fantasioso e tal confusão também se refletiu no trabalho
de direção de Kaare Andrews que constrói até a metade um clima de tensão
constante, mas lhe falta coragem para se aprofundar nos sentimentos e
pensamentos dos jovens. Muitas situações comportamentais poderiam surgir neste
atribulado voo e prender a atenção do espectador até o final, todavia, Andrews
opta por soluções escapistas em seu segundo ato que em nada favorecem o filme. Quem
teve a ideia da tal criatura do mal? Com semelhanças com um polvo gigante, ela
no fundo seria descartável, só serve para comprometer o que deveria ser o clímax
também prejudicado pela inconsistência da trama e a fraca atuação dos
sobreviventes que não conseguem construir um elo sólido com os espectadores
enquanto o protótipo de vilão do grupo seria a figura mais interessante, porém,
pouco explorada. Claramente uma produção de baixo orçamento,
Altitude é mais um
exemplo cujo trailer é bem mais interessante que a obra completa. Serve para
preencher um tempo ocioso, sendo seu ponto forte a climatização, um trabalho
eficiente da equipe de direção de arte e iluminação que conseguem transmitir
com perfeição a sensação de isolamento e frio. E só!
Suspense - 90 min - 2010
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