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domingo, 4 de julho de 2021

ALIEN VS. PREDADOR 2


Nota 3 Passado o impacto do aguardado embate das criaturas, não há razão para uma continuação


Quando assumiu o projeto de Alien vs. Predador, o cineasta Paul. W. S. Anderson tinha consciência de que, não importava o quanto se esforçasse para criar uma narrativa mirabolante ou procurasse arrancar boas interpretações do elenco, o objetivo do público-alvo era um só: ver os dois grandes ícones do cinema de ficção científica se engalfinhando. Mesmo assim, o cineasta se esmerou para montar um palco adequado para aquela que deveria ser uma batalha épica, mas que revelou-se um tremendo engodo. Colecionando críticas negativas e claramente não tendo mais o truque de marketing em mãos, por que insistir em uma sequência? Certamente executivos acreditavam que os custos de um segundo filme seriam cobertos pela renda de mídia doméstica e produtos licenciados aos personagens, mas Alien vs. Predador 2 deixa claro o esgotamento de ideias para manter tais alienígenas em evidência. Embora mais violenta, a obra tem sérios problemas narrativos e de direção revelando-se uma desavergonhada desculpa para capitalizar em cima de personagens consagrados, mas a ganância acabou por aniquilar seus futuros nas telonas. Fica um gancho para um terceiro capítulo, mas felizmente ele não foi realizado, porém, Hollywood é imprevisível e parece não aprender com seus erros, portanto, não se surpreenda caso ainda venha existir mais um filme desta franquia. 

O roteiro de Shane Salerno traz os extraterrestres mais uma vez à Terra, porém, agora inseridos no meio de um ambiente urbano. Após a nave dos Predadores ter sua tripulação massacrada pelos Aliens, resta apenas um da espécie para contar história, ou melhor, um PredAlien, um híbrido dos alienígenas que acaba caindo em nosso planeta, mais especificamente em uma pequena cidade do Colorado, nos EUA. A criatura consegue produzir um número incontrolável de filhotes, mas um Predador solitário chega de seu planeta natal para exterminar os monstrengos e evitar a proliferação de algozes, mas em meio a essa guerra de outro mundo estarão os humanos que servem como aquecimento para a grande batalha entre as raças. Assim como em filmes de serial killer, o mínimo que se espera é que os personagens causem algum tipo de comoção para que possamos torcer por suas sobrevivências ou até mesmo para que se deem mal. Neste caso, até sentir raiva de energúmenos do tipo fica difícil. São perfis que não cativam, desinteressantes e que disparam abobrinhas em velocidade recorde, frases idiotas que seriam perdoáveis para crianças de uns sete anos. Minutos preciosos são gastos apresentando esses tipos vazios, mas em compensação a apatia que sentimos quanto a eles será extravasada com suas mortes mais cedo ou mais tarde. Para tanto, quanto maior o requinte de crueldade melhor. 


Imagine um filme trash sobre um psicopata invadindo um ambiente universitário onde todos são belos, salientes, metidos a besta e bobocas e você terá um pouco da ideia deste circo de horrores, embora exista a ousadia e a perversidade de também colocar crianças, grávidas prestes a dar à luz e até mesmo recém-nascidos na mira dos monstros espaciais. Entre as potenciais vítimas temos a militar Kelly (Reiko Aylesworth) que chegou a pouco do Iraque, o recém-saído da prisão Dallas (Steven Pasquale) e seu irmão Ricky (Johnny Lewis), este que vem sofrendo com as provocações do valentão Dale (David Paetkau) por estar dando em cima de sua namorada Jesse (Kristen Hager), o estereótipo da bonitona acéfala. Por fim, o xerife Morales (John Ortiz) está entretido comandando as buscas por dois moradores da região que sumiram enquanto caçavam em uma região de matagal. Quando as pessoas finalmente se dão conta do que está acontecendo e se unem para buscar segurança, acabam descobrindo que não terão que enfrentar apenas os ataques de alienígenas, mas também precisarão bater de frente com representantes do governo que em meio ao caos estão preocupados em recolher aqueles que foram escolhidos para serem hospedeiros das criaturas para fins de estudos científicos. 

Seria possível culpar o fracasso do filme ao elenco inexpressivo, egresso de seriados e telefilmes (de quinta categoria pelo visto) e acostumados com interpretações superficiais e robóticas, assim como também poderíamos soltar os cachorros em cima de Salerno e sua mente super evoluída, mas temos que lembrar que há um responsável cuja função teoricamente seria aparar arestas, fazer ajustes e, se preciso, ter o bom senso de adiar o projeto ou até mesmo jogá-lo na lata de lixo. A última opção é um pouco difícil, pois envolve gananciosos executivos que querem ver cifras de dinheiro e não necessariamente qualidade, mas o que fazer quando até o cineasta comete suas falhas? Para dirigir o longa, Anderson obviamente foi a primeira opção, mas nem o pai do projeto original quis assumir a responsabilidade alegando não ter gostado do roteiro. A direção então foi entregue aos estreantes e irmãos Colin e Greg Strause, especializados em efeitos especiais tendo no currículo  projetos competentes como X-Men: O Confronto Final e Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, por exemplo, mas parecem ter chutado o balde após subirem de posto, só assim para explicar que nem em quesitos técnicos Alien vs. Predador 2 surpreende, pelo contrário, atinge resultados absurdamente ruins. 


O filme resume-se a um emaranhado de cenas em que os extraterrestres correm um atrás do outro em meio à completa escuridão e vez ou outra matam um humano à paisana. Os torturantes diálogos travados pelo elenco poderiam ser perdoados caso o melhor da festa fosse oferecido em grande estilo, mas os Strause levaram ao pé da letra a explicação de que a escuridão pode causar fobia. Simplesmente não vemos praticamente nada das ações dos alienígenas e a trama insossa em nada nos instiga a tentar imaginá-las. O breu total de algumas partes é o convite definitivo para o expectador cair no sono, ainda que na reta final um pouco de luz seja inserida e finalmente conseguimos ver as estrelas do filme, mas já é tarde demais. A tórrida chuva que cai durante o famigerado embate entre as bestas sintetiza os resultados do projeto: um tremendo banho de água fria aos aficionados por ficção científica e de certa forma nas próprias trajetórias dos Aliens e dos Predadores. Chega de continuações, refilmagens e outros engodos marqueteiros. Melhor guardarmos as lembranças dos personagens em seus tempos áureos e que eles descansem em paz em suas respectivas galáxias.

Terror - 101 min - 2007


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