Nota 4,0 Feito para a TV, suspense se perde em meio a situações desnecessárias ou absurdas
Desde que filmes como O Sexto Sentido, Amnésia e Efeito Borboleta surpreenderam
com finais impactantes ou tramas que se sustentam na base da intriga do vai e
vem no tempo, realizar um suspense de mesmo nível tem sido uma obsessão de
muitos cineastas, até mesmo dos profissionais da telinha. Produzido para a TV, Cinco
Dias Para a Morte tenta ser mais do que pode e acaba se atropelando nas
próprias pretensões. A cena inicial mostra um homem sendo assassinado a tiros e
logo em seguida um aviso informa que a ação regride cinco dias, começa em
07/06/2004, mais um dia aparentemente normal na vida de J. T. Neumeyer (Timothy
Hutton), um professor de física. O dia só seria diferente por mais uma vez
renovar alegrias e tristezas. Nessa data ele perdeu a esposa durante o parto de
sua filha Jesse (Gage Golightly), assim a cada aniversário da garota é
impossível disfarçar a melancolia. Na universidade, tudo também correria bem se
não fosse um atrito que teve com um de seus alunos, Carl Axelrod (Hamish
Linklater), que gostaria de tê-lo como orientador de sua tese de mestrado, mas
parece que o professor não se simpatiza pelo rapaz que chega a lhe fazer uma
ameaça. O dia fica estranho mesmo quando Neumeyer e a filha vão visitar o
túmulo da mãe dela e magicamente ele encontra uma moderna pasta-cofre com seu
nome, mas travada com senha. Justamente a data deste dia peculiar serve para
destravá-la e revelar seu sinistro conteúdo. Documentações mostram que o
professor estaria morto dentro de cinco dias e seria assassinado dentro de um
clube de strip-tease, local que ele não frequenta. O impactante é que além de
balas de revólver embaladas como se fossem para a perícia, também existem fotos
comprovando a morte com ele vestindo o mesmo casaco que ganharia dentro de
poucas horas da namorada Claudia (Kari Matchett), esta que se mostra incomodada
com o assunto, principalmente porque seu nome consta nos boletins de ocorrência
como uma das suspeitas. Carl também está na lista e Neumeyer tem certeza de que
foi seu aluno que resolveu amedrontá-lo por vingança.
Sem querer prejudicar o rapaz sem
ter provas concretas, o professor decide recorrer à ajuda do detetive Irwin
Sikorski (Randy Quaid), o investigador que consta na documentação de óbito,
embora seja informado que ele não estava presente durante a autópsia. O
profissional afirma que jamais deixa de cumprir suas obrigações e por isso acha
que se trata de um trote de mau gosto, mas fica intrigado por ter seu nome
envolvido. Um tal de Roy Bremmer (Angus Macfadyen) também é citado nos laudos
como suspeito, mas Neumeyer não tem a menor desconfiança de quem seja. Para
completar a confusão, Claudia entrega uma arma ao namorado para se proteger, o
que o deixa com a pulga atrás da orelha quanto a idoneidade da companheira que
poderia estar de olho em seu seguro de vida. Escrito por Anthony Peckham,
Robert Zappia e David Aaron Cohen, o enredo realmente tem um início promissor
apesar de que a forma como a misteriosa pasta surge já é um indício de que algo
de segundo escalão está por vir. Dividida pelos acontecimentos de cinco dias
cravados que soam como uma corrida contra o tempo para o protagonista mudar o
seu destino, a trama tem um leve quê de inspiração no terror Premonição e segue razoável até o
terceiro ato, mas daí por diante começa a entediar com suas pontas soltas e
excessos de situações que só servem para encher linguiça, como a prisão de Carl
por suspeitas de envolvimento com drogas ou uma fuga de avião interrompida por
um passageiro que passa mal. A longa duração não é condizente com a grade
horária da TV, o que leva a crer que a produção seria uma minissérie que foi
compilada para lançamento em DVD, mas é uma obra de tanta relevância que na
internet o máximo que se encontra é uma sinopse vagabunda e os nomes dos atores.
O diretor Michael W. Watkins deve ter tido trabalho para decidir como expandir
um argumento bom, mas que na hora de desenvolver mostra-se repleto de furos e
pontos desencontrados. Cinco Dias Para a Morte pode até ser
que tenha um final condizente com o perfil da produção (suspense meia boca),
mas a essa altura já estamos tão fatigados que pouco nos importa o destino do
protagonista. E pensar que Hutton um dia já foi agraciado com o Oscar e tido
como promessa de bom ator. Seu currículo mostra que a estatueta dourada para
alguns não deve significar nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este espaço está aberto para você colocar suas críticas ao filme em questão do post. Por favor, escreva o que achou, conte detalhes, quero saber sua opinião. E não esqueça de colocar a sua avaliação do filme no final (Ruim, Regular, Bom ou Excelente).