Nota 3,0 Transbordando clichês de filmes de animais falantes, longa deve agradar aos pequenos
Cachorrinhos fofinhos e falantes
ainda tem plateia garantida? Bem, confiando que o público está sempre se
renovando e crianças inocentes e descobrindo a magia do cinema não vão faltar,
tem sempre produtores de plantão dispostos a bancar produções censura livre
para atender esse nicho. Os roteiristas Mary Walsh e Heather Conkie não tem
como fugir dos estereótipos desse tipo de produção em
Bailey – Um Cão que Vale Milhões,
nem mesmo das batidas mensagens de proteção à natureza e tampouco das lições de
moral, neste caso acerca da ganância que cega as pessoas. O filme tem um rápido
prólogo onde conhecemos Marge Maggs (Laurie Holden), uma corajosa ambientalista
que faz de tudo para proteger os animais, assim ela tem uma ficha policial
considerável, mas sempre perdoada devido as boas intenções de seus atos. Dois
anos depois de desmantelar mais um laboratório que usava ilegalmente bichos para
experimentos, ela agora trabalha em uma instituição de pesquisa e direitos dos
animais fundada pela Sra. Constance Pennington (Jackie Burroughs), uma idosa
milionária que antes de falecer deixou seu testamento gravado em vídeo. Como
nunca teve filhos, seu sobrinho Caspar (Tim Curry) e a esposa Dolores (Jennifer
Tilly) já faziam planos para gastar a herança, mas se surpreendem quando
descobrem que a eles só restou o cargo de direção da fundação, uma espécie de
punição por eles nunca terem sido muito amáveis com ela. Toda a fortuna foi
deixada para o cãozinho Bailey, seu fiel companheiro por anos, que tem como
tutor o tímido Ted Maxwell (Dean Cain), um especialista em comportamento animal
que afirma “dialogar” com o cachorro milionário. Contrariando a regra que os
opostos se atraem, o psicólogo e a defensora dos animais se entendem logo que
se conhecem por conta de seus interesses em comum, mas recebem uma forcinha de
seus bichinhos. Bailey também se apaixona por Tessa, a cadelinha de estimação
de Sam (Angela Valee), a filha de Marge. Obviamente a felicidade do casal, ou
melhor, dos casais, vai sofrer interferência da dupla de vigaristas que antes mesmo
de terem a decepção do testamento já estavam colocando um plano B em prática.
Como já trabalhavam na fundação,
Caspar e Dolores, além de desviarem dinheiro, começaram a roubar cachorros do
local e levavam para um galpão próximo à instituição onde instalaram o que
chamam de “fábrica de filhotes”, uma espécie de cativeiro no qual os animais
seriam cuidados, levados à procriação e depois comercializados
clandestinamente. É claro que a turma protetora dos animais vai descobrir os
planos e tentar impedir, porém, os adultos mostram-se desligados e só vão se
dar conta de tudo que está acontecendo quando Sam e seus bichinhos de estimação
estão em perigo. O diretor David Devine trabalha sua narrativa de forma
razoavelmente satisfatória tendo em mente que seu público-alvo são as crianças
pequenas, mas até elas podem se sentir incomodadas com a interpretação de
Jennifer Tilly que se esforça para criar uma vilã cativante, mas seus exageros
de personalidade, vestuário e principalmente voz anasalada tornam sua participação
um suplício. Fora isso, a história em si é bem frouxa, sendo possível se prever
em algumas cenas até os diálogos que serão travados. A única grande novidade é
que o guri que serve como parceiro de aventuras de Sam não é filho do par
romântico de sua mãe. Max (Munro Chambers) é um garoto que ela conhece por
acaso e que também é amante dos animais. Sua função é descartável na trama,
visto que não rola romance com sua amiga e o gancho de não se dar bem com a
nova namorada do pai não chega a lugar algum, assim como pouco efeito causa a
participação de Don Donald (Max Baker), um agente do conselho tutelar que está
seguindo e registrando os passos de Marge para pedir no tribunal que ela perca
a guarda da filha devido as maluquices que faz em prol da fauna. Cain e Holden
formam um par simpático assim como seus cãezinhos, mas é uma pena que o poder
da fala dado aos animais passa longe das trucagens feitas para tornar crível o
efeito em produções como
Babe – O
porquinho Atrapalhado. Não poderia ser diferente visto que é um produto de
baixo orçamento e com destino certo a ser apreciado no aconchego do lar. De
qualquer forma, não deixa de ser um programa familiar bacaninha e até mesmo
nostálgico. A sensação é que
Bailey – Um Cão que Vale Milhões é
um projeto típico dos anos 80 ou 90 quando filmes do tipo eram feitos a toque
de caixa para abastecer a urgência do mercado de vídeo.
Comédia - 90 min - 2005
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