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quinta-feira, 7 de abril de 2022

A ÚLTIMA DANÇA


Nota 4 Longa é enfadonho e não cativa, valendo apenas pela nostalgia de rever Patrick Swayze


Em meados da década de 2000, o cinema descobriu na dança uma fórmula para fazer dinheiro. O tema atrai o público feminino que acaba carregando a tiracolo o marido, o namorado, filhos e por aí vai. Dança Comigo? e Vem Dançar são alguns títulos de sucesso dessa seara, mas o drama A Última Dança não teve a mesma sorte, mesmo tendo no elenco Patrick Swayze em um de seus últimos papeis. Aqui ela dá vida à Travis MacPhearson, um quarentão que abandonou a carreira de bailarino por conta de problemas nas pernas, frutos dos esforços excessivos durante os ensaios de um grande espetáculo que jamais foi apresentado ao grande público. O criador do número veio a falecer sete anos depois, mas sua companhia de dança não quer encerrar suas atividades e quer continuar a perpetuar o legado do dançarino. 

Como forma de homenageá-lo surge a ideia de ensaiar novamente o espetáculo que ficou inédito, mas para tanto precisariam da presença do trio de bailarinos originais. O problema é que depois de tantos anos eles podem estar fora de forma ou simplesmente não toparem. Max Delado (George de La Pena) é o único dos três que permaneceu na companhia e se encarrega de convencer os antigos colegas a voltarem a ensaiar juntos, mas o tal espetáculo deixou marcas em todos eles, principalmente por causa das cobranças e pressões exercidas pelo falecido diretor. MacPhearson começou a desenvolver seus problemas durante os ensaios do show e não suportou tanta exigência, mas hoje se arrepende de ter desistido. Delado tem o óbvio interesse de recobrar o prestígio da companhia a qual se dedica há anos, porém, lembra sempre dos conselhos de seu pai que ele deveria ter um emprego comum. O rapaz dá aulas e já participou de dezenas de apresentações, mas isso não lhe trouxe dinheiro tampouco fama, considerando que por culpa da desistência dos colegas sua carreira desandou. 


Completa o trio do espetáculo Chrissa Lindh (Lisa Niemi), hoje assistente de um mágico. Depois de muitas decepções entrou para o mundo da dança para aprender a se comportar e se vestir melhor, ou seja, pensou no que poderia conseguir como consequência de seus esforços, ser uma mulher atraente e possivelmente com passe livre nas rodas da alta sociedade. Com as cobranças do diretor, a bailarina, com sua inseparável baixa-estima, percebeu que procurava vestir um personagem e cada vez mais se distanciava de sua essência e esse mal estar a desestabilizava durante os ensaios e consequentemente irritava os demais. Mesmo com as más lembranças, o grupo decide se reunir novamente e cada um busca dar o melhor de si nos ensaios, mas os assuntos mal resolvidos do passado comprometem mais uma vez o show. Aparentando que um quer provar ao outro que está em melhor forma, ainda que tenham que se reciclar fazendo aulas com bailarinos mais novos, aos poucos o clima amistoso vai dando lugar a discussões. 

Enquanto Delado se irrita com a maneira que os ensaios são conduzidos, com a pressa habitual da atualidade e que bloqueia a criatividade dos artistas, MacPhearson sai do sério com os constantes erros de Chrissa que parece querer afrontá-lo, contudo, ele descobre que ela não superou a repentina separação. Além de trabalharem juntos, eles eram namorados no passado e o romance acabou de forma inesperada por conta de um mal entendido. Com direção e roteiro da própria Niemi, esposa de Swayze na vida real por mais de três décadas, A Última Dança é um projeto antigo do casal que acabou sendo lançado em vários países sem direito a passagem pelo cinemas. O fato de ser uma produção independente influenciou na pouca divulgação, mas o enredo realmente não colabora. Apesar de o roteiro ser bem atual e com temas relevantes, como a manutenção de amizades e os anseios de quem deseja trabalhar com arte para encarar problemas e críticas, falta alguma coisa que nos aproxime e crie empatia com os personagens. Fica latente a sensação de que sempre os observamos com certo distanciamento, além do excesso de cenas de dança e vai e volta de ensaios trazerem certo tédio ao longa. 

Swayze com o tempo deixou de ser promessa de sucesso nas bilheterias, foi substituído por galãs mais novos e a idade não lhe deu o charme necessário para segurar histórias românticas, tampouco a astúcia para filmes de ação e seu rosto de bonzinho o proibiu de fazer sua carreira renascer com papeis mais sombrios e desafiadores. Voltar a requebrar o esqueleto podia ser a solução, porém, mais de uma década se passou desde o clássico oitentista Dirty Dancing – Ritmo Quente, o público mudou e a ingenuidade que cativava outrora já não surte efeito. Com direito a inserção de uma música brasileira em uma das cenas, esta opção deve atender aos saudosos do protagonista e fanáticos por dança, desde que sem grandes expectativas de ver um espetáculo.

Drama - 100 min - 2003 

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