Nota 2,0 Suspense entrega seus segredos logo de cara, assim tornando-se uma opção tediosa
Um antigo e sombrio edifício pode ser o palco
perfeito para histórias de horror e suspense e o cinema já deu inúmeras provas
disso contando histórias de arrepiar envolvendo assombrações clamando por
ajuda, espíritos demoníacos impiedosos e assassinos malucos ou que agem por
pura maldade. O suspense O Condomínio aposta
em uma morte misteriosa como pontapé inicial, mas o enredo procura seguir uma
linha mais policial, assim oferecendo a oportunidade do espectador participar
da ação recolhendo pistas para chegar ao autor do crime. Será mesmo? A trama
escrita por Alberto Sciamma e Harriet Sand nos apresenta à Leonard
Grey (James Caan), o zelador de um antigo condomínio há mais de trinta anos.
Ele está lá desde que a ranzinza Lily Melnik (Geneviéve Bujold) comprou o
edifício e mandou reformá-lo por completo. Desde um simples cano até o papel de
parede do hall de entrada, tudo foi escolhido e colocado pelo próprio Grey.
Apesar de tanto anos de serviços prestados e mesmo com o peso da idade, o
zelador não abandona sua rotina de cuidados com o prédio, mas não leva uma vida
muito agitada. Seu metódico cotidiano muda drasticamente quando um dos
moradores é encontrado morto dentro de uma lixeira e todos os que moram ou
trabalham no local se tornam suspeitos. Grey, aos poucos, começa a descobrir
estranhos objetos que podem ter ligações com o crime escondidos sob o piso de
um dos andares. Além disso, este homem sofre de um sonambulismo que apaga
totalmente a sua memória, o que o leva a suspeitar que ele próprio possa ser o
assassino, ainda que tenha agido de forma inconsciente. Para piorar tudo, Grey
não tem uma boa relação com Lily e ainda se envolve com a sedutora Donna Cherry
(Jennifer Tilly), cujo marido Bill (Peter Keleghan) é justamente o morador
assassinado.
O
título e o material publicitário são extremamente instigantes, mas realmente
deixa muito a desejar essa produção que até conta com um ponto de partida bem
interessante, mas que é totalmente dissolvido ao longo do filme culminando em
uma conclusão sem expectativas. James Caan carrega esta obra nas costas e é o
que há de melhor por aqui, além da garotinha Victoria Jane Allen que interpreta
a filha da rechonchuda Jennifer Tilly, esta uma atriz inexpressiva que não sabe
onde colocar seu nome (ela fez O Filho de Chuck, por ai você já tem
uma ideia do tipo de produção que ela se mete). Todavia, realmente é
perceptível que este não é um filme feito aos tropeços, foi pensado
cuidadosamente pelos diretores Sciamma, Martin Polling e Ian Steel, tem óbvias
referências aos filmes Delicatessen e O Inquilino,
mas se enrolou na pretensão de fazer um suspense sem apelar para os clichês de
produções sobre seriais killers, optando por investir em um problema mental
para justificar o comportamento do possível criminoso. Ao invés de diversas
vítimas, temos aqui apenas um morto que desencadeia toda a história. Há
diversas pistas jogadas ao longo do roteiro, mas desde o início fica explícito
quem é o assassino, o que diminui consideravelmente o interesse na fita. Sem
clímax, tampouco sustos e ainda contando com personagens pouco inspirados, o
resultado só podia ser um filme ruim. A única coisa relevante aqui é o uso da
câmera como um olhar intrometido que passeia pelas diversas partes do
condomínio atravessando frestas, fechaduras, buracos e olho mágicos. Usar uma velha
fórmula não é o melhor caminho para o sucesso, mas em alguns casos ela pode ser
a solução. Talvez um assassino mascarado mutilando dezenas de pessoas em um
mesmo prédio fosse um enredo melhor e mais rentável para receber o título O Condomínio.
Suspense - 98 min - 2003
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