NOTA 7,0 Longa apresenta uma imagem de Frankenstein diferente, apostando em drama e romance, hoje acrescidos de nostalgia |
Eva, embora no aspecto físico
aparente ser uma moça comum, por dentro ela é como um animal irracional e
precisa ser domesticada e essa é a tarefa da Sra. Baumann (Geraldine Page), sua
fiel governanta, que com muita paciência tenta ensiná-la passo a passo como se
tornar uma dama da aristocracia. Seu criador estava certo que poderia então
tomá-la como sua companheira, mas se surpreende ao perceber que ela demonstra
ter pensamentos e até desejos sexuais próprios de modo a evitar as investidas
do barão. Enquanto isso, a criatura original está vagando sem rumo pelas
redondezas até que conhece o bondoso Rinaldo (David Rappaport), um anão que
deseja ir para Budapeste na expectativa de trabalhar em um circo e parece não
se importar com o aspecto ameaçador de seu novo amigo e compreender o seu
comportamento arredio, afinal ele próprio sente o preconceito na pele devido ao
seu físico diminuto. Mesmo vivendo uma vida própria também se apresentando como
atração circense, Viktor, como o monstro se denomina nesta fase, não consegue
se esquecer de suas origens e após sofrer uma grande decepção no trabalho, que
o afeta também emocionalmente, decide voltar ao castelo de seu criador e
reclamar o direito de posse de sua noiva. O problema é que a esta altura do
campeonato a jovem já está envolvida em um complicado triângulo amoroso
envolvendo Josef Schoden (Cary Elwes), um pretendente com muita classe, mas
inexperiente e ingênuo, e o próprio barão que desenvolve um fascínio doentio
por sua invenção. Sinceramente, se existe alguma coisa que amedronte neste
enredo para justificar sua classificação como suspense tal proposta ficou perdida
no tempo. Romance ou drama rotulam muito melhor a premissa, ainda que um dos
protagonistas seja um ser com aspecto ameaçador, porém, de bom coração e dotado
de certa capacidade emocional e racional. A introdução pode parecer um pouco
confusa e a mocinha e seus dilemas não despertarem muito a atenção, porém, os
conflitos de Viktor e sua amizade com Rinaldo são os pontos altos da trama,
principalmente quando percebemos como ambos são tratados no circo, vistos como
aberrações que mereciam ser exploradas, um vício social propagado até hoje
contra os “diferentes”. Ainda bem que a ingenuidade do personagem grandalhão
tem como contraponto a esperteza do baixinho velho de guerra que já está
escaldado e sabe como o mundo funciona, ajudando assim seu amigo a encontrar
suas características positivas e a encontrar um rumo na vida.
O romance original no qual esta produção se baseia já sofreu centenas de adaptações ao longo doas anos para os mais diversos tipos de mídias e até hoje inspiram produções cinematográficas que podem transitar nos mais variados gêneros já que o personagem carrega consigo um leque de opções a serem trabalhadas. Seu aspecto feio e seu latente instinto animal servem para sustentar um conto de horror ou até mesmo uma comédia apostando no viés escrachado no melhor estilo peixe fora d’água. Sim já tivemos versões de Frankenstein que poderiam estrangular qualquer um que passasse em seu caminho como também versões do monstro se adaptando ao cotidiano dos adolescentes frequentando inclusive o ambiente escolar por exemplo. A essência do personagem também permite um passeio pelo campo dramático explorando seus conflitos tanto em termos de convívio social como também seus problemas para ele próprio se aceitar como um ser diferente, mas que também pode ter suas qualidades. Da concepção original, uma criatura com sentimentos complexos e plenamente articulada, até a sua imagem mais conhecida como um ser violento, irracional e com um comportamento físico bastante característico, digamos que Roddam conseguiu reunir em seu protagonista diversas referências que o mesmo recebeu com o passar dos anos ao sabor dos acontecimentos propostos para cada nova adaptação de seu conto. A Prometida não é definitivamente um suspense que atenda as expectativas para quem deseja ver violência e sangue, mas para os amantes de cinema e saudosistas é um prato cheio. Até mesmo para quem tem o pé atrás com produtos do gênero, vale uma tentativa de variar o cardápio. Com um visual clássico e gótico caprichado graças a uma eficiente cenografia e fotografia, uma mescla interessante de emoções diversificadas e aquele saborzinho especial difícil de descrever, mas que só os filmes de antigamente carregam, este trabalho tinha tudo para ser uma obra característica dos anos 80, mas infelizmente foi suplantado pela ação rápida e implacável do tempo, assim como as carreiras de seus protagonistas. A quem interessar, o DVD foi lançado no Brasil há alguns anos e boas lojas do ramo e locadoras devem o ter no acervo. Lembre-se, manifestando o desejo de ver produções antigas é que incentivamos as distribuidoras a dar valor ao passado cinematográfico e a disponibilizá-las no mercado com qualidade e legalmente.
O romance original no qual esta produção se baseia já sofreu centenas de adaptações ao longo doas anos para os mais diversos tipos de mídias e até hoje inspiram produções cinematográficas que podem transitar nos mais variados gêneros já que o personagem carrega consigo um leque de opções a serem trabalhadas. Seu aspecto feio e seu latente instinto animal servem para sustentar um conto de horror ou até mesmo uma comédia apostando no viés escrachado no melhor estilo peixe fora d’água. Sim já tivemos versões de Frankenstein que poderiam estrangular qualquer um que passasse em seu caminho como também versões do monstro se adaptando ao cotidiano dos adolescentes frequentando inclusive o ambiente escolar por exemplo. A essência do personagem também permite um passeio pelo campo dramático explorando seus conflitos tanto em termos de convívio social como também seus problemas para ele próprio se aceitar como um ser diferente, mas que também pode ter suas qualidades. Da concepção original, uma criatura com sentimentos complexos e plenamente articulada, até a sua imagem mais conhecida como um ser violento, irracional e com um comportamento físico bastante característico, digamos que Roddam conseguiu reunir em seu protagonista diversas referências que o mesmo recebeu com o passar dos anos ao sabor dos acontecimentos propostos para cada nova adaptação de seu conto. A Prometida não é definitivamente um suspense que atenda as expectativas para quem deseja ver violência e sangue, mas para os amantes de cinema e saudosistas é um prato cheio. Até mesmo para quem tem o pé atrás com produtos do gênero, vale uma tentativa de variar o cardápio. Com um visual clássico e gótico caprichado graças a uma eficiente cenografia e fotografia, uma mescla interessante de emoções diversificadas e aquele saborzinho especial difícil de descrever, mas que só os filmes de antigamente carregam, este trabalho tinha tudo para ser uma obra característica dos anos 80, mas infelizmente foi suplantado pela ação rápida e implacável do tempo, assim como as carreiras de seus protagonistas. A quem interessar, o DVD foi lançado no Brasil há alguns anos e boas lojas do ramo e locadoras devem o ter no acervo. Lembre-se, manifestando o desejo de ver produções antigas é que incentivamos as distribuidoras a dar valor ao passado cinematográfico e a disponibilizá-las no mercado com qualidade e legalmente.
Suspense - 119 min - 1985
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