Nota 6 Com premissa interessante, longa é atrapalhado pelas diversas tramas paralelas
As comédias românticas estão cheias de personagens que procuram lógicas, estatísticas e teorias a respeito do comportamento das pessoas quanto aos relacionamentos amorosos, agora comparar a postura humana sobre esse assunto com a atividade sexual de bovinos renderia um bom filme? Para o diretor Tony Goldwyn a resposta é sim. Alguém Como Você segue a risca a cartilha do gênero e o resultado como sempre é indolor e até agradável. Com o objetivo de justificar seus próprios fracassos no campo do amor, a protagonista começa a estudar o comportamento sexual das vacas e bois na tentativa de traçar um paralelo entre a infidelidade masculina e o instinto animal. Baseado no livro "Animal Husbandry", levemente inspirado nas experiências de vida da própria autora, a jornalista Laura Zigman, o longa marcou a estreia da atriz Ashley Judd nas comédias românticas, a responsável pelas poucas cenas de humor.
Jane Goodale (Judd) é a produtora de um programa de TV de grande repercussão e está envolvida com Ray Brown (Greg Kinnear), o produtor executivo da atração. Cansada de tantas decepções amorosas, ele parece ser o homem certo, mas as coisas mudam quando eles decidem morar juntos. Gradativamente o rapaz se distancia e logo diz que quer dar um tempo, mas na verdade está balançado com a possibilidade de voltar com sua ex. Além de ficar arrasada, Jane terá de entregar seu imóvel em poucos dias e como Eddie Alden (Hugh Jackman), um colega de trabalho, está alugando um quarto ela decide ir morar na casa dele que, diga-se de passagem, está acostumado a levar uma mulher diferente por noite para sua cama. Desesperada para entender o que aconteceu com seu namoro e compreender o comportamento mulherengo do amigo, Jane cria a "Teoria da Vaca Velha" para interpretar as relações entre homens e mulheres comparando o comportamento humano com o bovino.
A moça então divide este pensamento aparentemente sem sentido com a amiga Liz (Marisa Tomei), mas os desdobramentos desta ideia terão consequências imprevisíveis quando a produtora assume um pseudônimo e cria uma personagem para expor seus pensamentos, uma misteriosa escritora cujos artigos femininos chamam a atenção de Diane (Elle Barkin), a chefe de Jane que quer a todo custo entrevistar a tal pensadora. Todavia, é o dilema amoroso o grande problema da protagonista. Jane se vê dividida entre dois amores totalmente opostos. Um pretendente parece o homem dos sonhos de qualquer mulher enquanto o outro é um mulherengo que parece reunir o que há de pior na natureza masculina. Kinnear é um ator que sempre rouba a cena em papeis coadjuvantes, mas neste caso, mesmo fazendo parte da trama central, acaba ficando um pouco apagado. A resposta do por que disso é óbvia.
Kinnear divide os holofotes com Jackman que, embora estivesse na época no início de sua caminhada ao estrelato em Hollywood, já era famoso e acumulava fãs pelo sucesso do personagem Wolverine de X-Men. Praticamente no mesmo período o ator, já reconhecido por expor sua sensibilidade em trabalhos de teatro na Austrália, sua terra natal, também viveu o protagonista de outro produto do gênero romântico, Kate e Leopold. Na realidade, quando Goldwyn lançou este seu trabalho, intencionalmente ou não, ficou parecendo que o filme só existiu para servir como um veículo no qual Jackman pudesse mostrar outras facetas e provar que não servia apenas para ser o herói das garras afiadas de metal. Todavia, o longa não é só dele. Judd tem uma boa química com seus dois galãs e o carisma do trio ajuda a prender a atenção.
O grande problema da produção, para variar, se encontra no roteiro. A roteirista Elizabeth Chandler procurou abordar várias situações em um mesmo trabalho e acabou perdendo a mão com tantas tramas paralelas, tanto que o tal programa de entrevistas no qual a protagonista trabalha é esquecido na narrativa por um bom tempo. Ainda assim, ela teve boas ideias como o fato de Jane passar a escrever sobre suas teorias para uma revista usando um pseudônimo, assim instigando a curiosidade dos leitores, e a introdução muito bem realizada e talvez a melhor e mais divertida parte de todo o longa. Fora esses pontos, Alguém Como Você é apenas mais uma comédia romântica em meio a tantas outras que sofrem dos mesmos problemas, principalmente a previsibilidade, mas ainda assim garante uma diversão sem compromisso.
Comédia romântica - 97 min - 2001
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