Nota 3,0 Trilha sonora e belas locações é o que se salva de drama com ambições edificantes
O
sonho de boa parte dos jovens é ter liberdade plena. Muitos sonham em atingir a
idade mínima para se tornarem responsáveis pelos seus próprios atos perante a
lei e o dia do aniversário de 18 anos parece ter o mesmo poder de uma carta de
alforria. É como se nessa idade você se libertasse totalmente de qualquer tipo
de amarras e o mundo abrisse suas portas oferecendo coisas boas e ruins,
cabendo a cada um seguir os caminhos que julgue melhor para si. O fato negativo
é que todas essas expectativas alimentadas durante muitos anos, principalmente
hoje em dia em que as crianças são obrigadas ou por vontade própria estão
amadurecendo mais cedo, podem não ser correspondidas totalmente. É frustrante
descobrir que seu sonho de colocar uma mochila nas costas e seguir viagem sem
destino mundo a fora é substituído por um número bem maior de tarefas e
responsabilidades em relação aos seus afazeres quando ainda era um
“dependente”. Entre as principais exigências dessa fase da vida dos jovens está
a opção da profissão, o que implica também na escolha de algum curso ou
faculdade para ter a almejada independência financeira, afinal de contas não basta
achar que é dono do próprio nariz e na hora de dar um passo a frente pedir um
dinheirinho para os pais, assim o sonho do adolescente aventureiro precisa ser
retardado por algum tempo. É numa situação desse tipo que se encontra o jovem
Chris McKinley (Joshua Jackson), o protagonista do drama edificante Americano
que já pelo título enxuto deixa claro que se trata da história de um ianque
experimentando uma nova realidade em outra cultura. A trama escrita e dirigida
por Kevin Noland é ambientada na Espanha, na centenária Festa de San Fermín,
mais conhecida como a Corrida de Touros de Pamplona. Chris é um recém-formado
que está aproveitando seus últimos momentos de férias ao lado dos amigos Ryan
(Timm Sharp) e Michelle (Ruthanna Hopper). Daqui a três dias ele deve voltar
para os EUA e já tem um compromisso profissional agendado, mas um imprevisto o
fará repensar seus planos. Após perder sua mochila com todos os seus
documentos, parece que tal acontecimento foi uma ação proposital do destino.
Os
ideais do rapaz são colocados em xeque quando ele conhece a bela espanhola
Adela (Leonor Varela) e o enigmático Riccardo (Dennis Hopper), duas pessoas com
uma diferença de idade considerável, mas ambos com uma exagerada paixão pela
vida. Com a convivência com essa dupla, Chris passa a repensar os rumos que sua
vida tomou até então e os caminhos que ele deve seguir de agora em diante.
Assim, o protagonista viveu tardiamente aquele sonho de liberdade da
adolescência, provavelmente um presente da família por sua formatura. Teve a
oportunidade de viver experiências que o enriqueceram emocionalmente quando na
verdade elas deveriam ter sido vivenciadas alguns anos antes, mas a exigência
em construir uma carreira precocemente o engessaram em um modelo, aquele ideal
do jovem bem sucedido, uma realidade vivida por milhares de pessoas, afinal são
poucos que tem coragem de peitar as convenções sociais. Se você passa dos 22
anos sem estar “encaminhado” na vida, fatalmente é rotulado como o zero a
esquerda ou vagabundo. Talvez vendo por esse viés realístico, procurando algo
além das imagens, podemos justificar a existência de Americano, longa lançado
sem publicidade alguma ou apoio da mídia. Quando a própria empresa
distribuidora não faz questão de expor seu produto é porque há algo de errado
com ele. A obra de Noland tem uma temática batida, mas sempre é bom
relembrá-la, mas o problema é que a condução de sua narrativa não oferece muito
mais que belas paisagens e trilha sonora agradável. Não existe muita emoção na
história e nem mesmo o previsível relacionamento amoroso entre Chris e Adela
esquentam a produção. Aliás, Jackson parece atuar em modo piloto automático. Assim
acompanhamos passivamente uma trama-clichê ligeira (não chega a uma hora e meia
de duração) que deve dialogar melhor com espectadores insatisfeitos com os
rumos de suas vidas tal qual o protagonista. A quem curtir filmes para conhecer
cenários de outros países também pode ser uma opção de passatempo.
Drama - 83 min - 2005
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