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sábado, 6 de junho de 2015

AMERICANO (2005)

Nota 3,0 Trilha sonora e belas locações é o que se salva de drama com ambições edificantes 

O sonho de boa parte dos jovens é ter liberdade plena. Muitos sonham em atingir a idade mínima para se tornarem responsáveis pelos seus próprios atos perante a lei e o dia do aniversário de 18 anos parece ter o mesmo poder de uma carta de alforria. É como se nessa idade você se libertasse totalmente de qualquer tipo de amarras e o mundo abrisse suas portas oferecendo coisas boas e ruins, cabendo a cada um seguir os caminhos que julgue melhor para si. O fato negativo é que todas essas expectativas alimentadas durante muitos anos, principalmente hoje em dia em que as crianças são obrigadas ou por vontade própria estão amadurecendo mais cedo, podem não ser correspondidas totalmente. É frustrante descobrir que seu sonho de colocar uma mochila nas costas e seguir viagem sem destino mundo a fora é substituído por um número bem maior de tarefas e responsabilidades em relação aos seus afazeres quando ainda era um “dependente”. Entre as principais exigências dessa fase da vida dos jovens está a opção da profissão, o que implica também na escolha de algum curso ou faculdade para ter a almejada independência financeira, afinal de contas não basta achar que é dono do próprio nariz e na hora de dar um passo a frente pedir um dinheirinho para os pais, assim o sonho do adolescente aventureiro precisa ser retardado por algum tempo. É numa situação desse tipo que se encontra o jovem Chris McKinley (Joshua Jackson), o protagonista do drama edificante Americano que já pelo título enxuto deixa claro que se trata da história de um ianque experimentando uma nova realidade em outra cultura. A trama escrita e dirigida por Kevin Noland é ambientada na Espanha, na centenária Festa de San Fermín, mais conhecida como a Corrida de Touros de Pamplona. Chris é um recém-formado que está aproveitando seus últimos momentos de férias ao lado dos amigos Ryan (Timm Sharp) e Michelle (Ruthanna Hopper). Daqui a três dias ele deve voltar para os EUA e já tem um compromisso profissional agendado, mas um imprevisto o fará repensar seus planos. Após perder sua mochila com todos os seus documentos, parece que tal acontecimento foi uma ação proposital do destino.

Os ideais do rapaz são colocados em xeque quando ele conhece a bela espanhola Adela (Leonor Varela) e o enigmático Riccardo (Dennis Hopper), duas pessoas com uma diferença de idade considerável, mas ambos com uma exagerada paixão pela vida. Com a convivência com essa dupla, Chris passa a repensar os rumos que sua vida tomou até então e os caminhos que ele deve seguir de agora em diante. Assim, o protagonista viveu tardiamente aquele sonho de liberdade da adolescência, provavelmente um presente da família por sua formatura. Teve a oportunidade de viver experiências que o enriqueceram emocionalmente quando na verdade elas deveriam ter sido vivenciadas alguns anos antes, mas a exigência em construir uma carreira precocemente o engessaram em um modelo, aquele ideal do jovem bem sucedido, uma realidade vivida por milhares de pessoas, afinal são poucos que tem coragem de peitar as convenções sociais. Se você passa dos 22 anos sem estar “encaminhado” na vida, fatalmente é rotulado como o zero a esquerda ou vagabundo. Talvez vendo por esse viés realístico, procurando algo além das imagens, podemos justificar a existência de Americano, longa lançado sem publicidade alguma ou apoio da mídia. Quando a própria empresa distribuidora não faz questão de expor seu produto é porque há algo de errado com ele. A obra de Noland tem uma temática batida, mas sempre é bom relembrá-la, mas o problema é que a condução de sua narrativa não oferece muito mais que belas paisagens e trilha sonora agradável. Não existe muita emoção na história e nem mesmo o previsível relacionamento amoroso entre Chris e Adela esquentam a produção. Aliás, Jackson parece atuar em modo piloto automático. Assim acompanhamos passivamente uma trama-clichê ligeira (não chega a uma hora e meia de duração) que deve dialogar melhor com espectadores insatisfeitos com os rumos de suas vidas tal qual o protagonista. A quem curtir filmes para conhecer cenários de outros países também pode ser uma opção de passatempo.

Drama - 83 min - 2005

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