Nota 2 Produção moderninha e teen sobre vampiros é trash do primeiro ao último minuto
Os vampiros são figuras míticas, sinistras e enigmáticas que aguçam a imaginação de muita gente e por isso mesmo suas histórias já inspiraram diversos filmes, desde os de estilo mais clássico até verdadeiras loucuras como ter o famoso Conde Drácula assombrando no espaço ou dentuços que literalmente preferem negar o sangue do dia-a-dia. Entre o trash e o luxuoso, o épico e o moderno, a figura vampiresca já sofreu inúmeras variações físicas e de personalidade, só o que não muda é o seu instinto de morte, sarcasmo e o poder de sedução (ok, a saga Crepúsculo quebrou as regras), mas às vezes nem mesmo o mais cruel representante das temidas criaturas da noite salva uma produção, ainda mais quando ela já nasce com todos os requisitos básicos para ser classificada como trash como é o caso de Vampiros do Deserto. Não há muito que se falar sobre essa produção fraca e que faria qualquer vampiro tentar cometer suicídio de tanta vergonha. Eles já estão mortos, mas mesmo assim tentariam se matar novamente.
Na trama, Sean (Kerr Smith) está indo de Los Angeles para Miami em uma tranquila viagem de carro, mas tudo na sua vida muda quando, após relutar, dá carona para Nick (Brendan Fehr). O rapaz é um caçador, mas suas presas não são animais e sim vampiros, pois ele mesmo já foi contaminado e a única forma de se livrar deste mal é matando o chamado Abandonado, o responsável por transformá-lo em um ser sedento por sangue. Nick está no momento no encalço de alguns jovens vampiros que se alimentam de viajantes imprudentes. Eles são comandados por Kit (Johnathon Schaech), que pode ser o responsável indireto pela contaminação do jovem caçador que está conseguindo retardar o processo de vampirismo graças a um coquetel de remédios. Durante a viagem, Sean e Nick encontram Megan (Izabella Miko), uma jovem que também foi contaminada. Eles tentam salvá-la, mas Sean inesperadamente também é mordido. Agora, o trio precisa correr contra o tempo para matar Kit e se salvarem, porém, isto precisa ser feito em solo sagrado e os vampiros estão dispostos a acabar com quantas vidas forem necessárias para detê-los.
Curioso pensar que todo esse enredo é bolado em cima de uma lenda do tempo das Cruzadas, porém, ela fica só numa explicação verbal a certa altura do longa, não existindo uma cena sequer que a ilustre. A julgar pelo título e o elenco jovem e desconhecido (hoje algumas pessoas até ouviram falar sobre um ou outro ator, mas lembranças de seus trabalhos nem sinal, algo que comprova seus péssimos faros profissionais), você já deve saber o que vem por aí: uma tremenda bomba. O longa parece uma mistura mal feita de A Morte Pede Carona com Vampiros de John Carpenter. O resultado não está à altura nem de servir como homenagem a tais títulos, embora o longa procure se levar a sério e descarta qualquer traço de sátira. A produção tem fotografia, cenários e até iluminação que nos remetem aos filmes citados, algo positivo, mas falta roteiro aqui para fazer a coisa engrenar.
Tudo começa com uma história absurda sobre um vírus que transforma as pessoas em vampiros, depois seguem cenas de perseguição em uma estrada deserta e é claro que sequências em um motel de beira de estrada não faltam, assim como vampirinhas assanhadas, ou seja, os clichês estão presentes em peso. A única novidade aqui é que os dentuços não mordem apenas pescocinhos que estão dando sopa por aí. Eles atacam em qualquer parte do corpo, promovem um banquete de sangue, quase uma orgia, e um deles até sacia seu desejo de perversão com a picada de uma serpente. Apesar de apostar em situações previsíveis e já batidas em outros títulos vampirescos, um erro grave é cometido. O diretor e roteirista J. S. Cardone, cuja filmografia ainda inclui créditos como ator em outras bombas, não prestou muita atenção em um detalhe que faz toda a diferença no filme cult de Carpenter já citado: vampiros quando expostos à luz do sol fritam feito pururuca.
Em Vampiros do Deserto algumas das criaturas da noite de fato torram ao serem expostas a luz solar, contudo, num grosseiro erro, milagrosamente em algumas cenas essa turma do mal perambula durante o dia numa boa. Estariam usando um super protetor solar? Enfim, o filme não provoca sustos, mas até que dá para ser encarado sem maiores pretensões em uma sessão pipoca com amigos para dar umas gargalhadas. Esquece-se rapidamente e não causa danos cerebrais ou emocionais. Em tempo: Smith é o valentão do primeiro filme da franquia Premonição, lançado pouco antes, e e aqui teve a chance de viver seu primeiro protagonista, mas a aposta no então jovem ator não vingou.
Terror - 91 min - 2001
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