Nota 1,0 Longa enrola para revelar e frustra com seu segredo ao qual já sabemos parcialmente
Mais um projeto original da Netflix, que tem se tornado berço de produções de horror e suspense de baixo orçamento e não raramente esquecíveis, Vende-se Esta Casa parte de um ponto interessante, mas não decola por se afundar em cichês e nem mesmo saber ao certo que caminho seguir. A trama acompanha o jovem Logan (Dylan Minnette) e sua mãe Naomi (Piercey Dalton) que vivem com dificuldades financeiras, mas ambos preferem acreditar em possibilidades distantes de melhorarem de vida. O rapaz sonha em se tornar um competidor de elite em corridas enquanto ela ainda sonha com uma carreira como fotógrafa a qual há muito tempo abandonou. Após uma tragédia na família, eles acabam indo morar de favor em uma residência que está disponibilizada para venda. Sendo assim, aos domingos a dupla é obrigada a passar o dia todo fora para deixar o imóvel disponível para visitação de interessados.
Embora saibam que estão temporariamente o ocupando o imóvel, não deixa de ser inconveniente saber que estranhos terão direito a passe livre onde você mora, podem eventualmente mexer em seus pertences, usufruir de algumas horas em seus cômodos e porque não temer até mesmo que algum visitante possa se esconder em alguma parte da casa e não sair mais? Está matada a charada do filme escrito e dirigido por Suzanne Coote e Matt Angel, ambos estreantes nas funções. Antes tivessem optado pelo clichê da casa assombrada, assim ao menos alguns sustos poderiam estar garantidos. A narrativa até tenta confundir um pouco o espectador com as visões de Logan, como as que tem com Brian (Aaron Abrams), seu pai falecido, mas sua obsessão pelo porão da residência, obviamente escuro e desprovido de iluminação, já revela um pouco do segredo da trama, indica que devemos prestar atenção a este ambiente.
O argumento em si é bem interessante, mas a falta de experiência de seus realizadores compromete seu desenvolvimento. Diversas situações e personagens são inseridos simplesmente para preencher tempo e não ajudam em nada o cerne do enredo. Os próprios protagonistas tem algumas atitudes tão questionáveis que fica praticamente impossível torcer para que eles escapem ilesos de qualquer infortúnio que possa acometê-los. O caminhar da narrativa tenta a todo custo transformar qualquer personagem secundário em um possível suspeito de ter acesso a casa e dar indícios de que está observando o cotidiano de mãe e filho bem de perto. Nesta lista entram, por exemplo, a atormentada vizinha Martha (Patricia Bethune) e Chris (Sharif Atkins), o atendente de uma loja que parece persegui-los. Contudo, o desfile de personagens pela tela nada mais é que mera distração para ajudar a espichar o filme desnecessariamente que acaba parecendo ter o dobro do tempo com tanta enrolação.
Há também muita dificuldade em aceitarmos os dilemas vividos por Logan e Naomi. A mãe, que inicialmente demonstra uma compreensiva fragilidade, aos poucos vai se apagando na história e deixando todos os problemas sobre as costas do filho que claramente não tem condições de lidar com eles, algo agravado pela inexpressividade de seu intérprete. Os primeiros minutos, dedicados a estabelecer uma conexão do espectador com essa família, deixa claro que o rapaz tinha uma relação muito mais próxima ao pai, mas em nenhum momento o roteiro explica o porquê de certo distanciamento dele com a mãe. A relação maternal ainda se torna mais insossa com a falta de traquejo dos diretores na condução de atores. Ao menos ao explorar o cenário a dupla demonstra mais conhecimento tentando sustentar a hipótese de que algo sobrenatural possa habitar a casa. Sendo assim, Coote e Angel recorrem a truques manjados como portas que se movem sozinhas, objetos que desaparecem, barulhos estranhos, vultos aqui e acolá...
Contudo, o grande problema de Vende-se Esta Casa está em seu ato final que frustra o espectador sem pudor algum. Ficamos esperando alguma reviravolta ou segredo bombástico para compensar o tempo perdido até então, mas o que temos é uma conclusão frouxa e preguiçosa que não justifica o porquê dos protagonistas serem atormentados pela sensação de que estão dividindo a casa com mais alguém. Ou melhor, essa terceira pessoa ou entidade (caso alguém a esta altura ainda tiver dúvidas) é uma escolha aleatória que diminui drasticamente o impacto do clímax. Finais em abertos são sempre bem vindos, desde que tenham alguma conexão com o restante da narrativa. No conjunto, está é uma produção esquecível e que joga fora um ótimo argumento que nas mãos de gente experiente poderia se tornar um suspense de arrepiar.
Suspense - 94 min - 2018
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