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sábado, 7 de março de 2020

ED GEIN - O SERIAL KILLER

Nota 6,0 Cinebiografia de famoso e cruel assassino peca por focar mais o lado dramático da história

O que os filmes Psicose, o em preto-e-branco do genial Alfred Hitchcock, O Massacre da Serra Elétrica, o original setentista, e o oscarizado O Silêncio dos Inocentes tem em comum além do fato de serem clássicos do horror e suspense? A resposta é a inspiração na história real de Edward Gein, um dos mais bizarros casos de assassinos em série que os EUA já teve. Tantos filmes excelentes “homenagearam” o psicopata que era de se esperar que seu próprio filme fosse surpreendente, mas infelizmente Ed Gein – O Serial Killer não está à altura. Steve Railsback interpreta o personagem-título, morador de uma pacata cidade de interior dividindo a casa com Augusta (Carrie Snodgress), sua mãe que, apesar de bastante severa e religiosa, causava um doentio fascínio ao filho. Desde pequeno ele acompanhava George (Bill Cross), seu pai, ao matadouro da família, assim estava acostumado a ver animais sendo extirpados e pendurados em ganchos para o sangue escorrer, cenas que também o hipnotizavam, mas em casa se submetia a atos de penitência e desprezo, além da leitura de trechos da Bíblia, em busca de purificação. A morte do pai e do irmão Henry (Brian Evers) não afetaram Ed tanto quanto a perda de sua mãe, que acabou descontrolado e adquirindo estranhos hábitos como ler a respeito de canibalismo, reencarnação e estudos sobre a anatomia feminina. Não demora muito para começar a furtar cadáveres de mulheres para realizar experiências mórbidas e com partes de seus corpos desenvolver objetos macabros como braceletes, tigelas, cintos entre tantas outras coisas feitos à base de pele e vísceras humanas, inclusive roupas. Sentindo-se completamente desamparado sem Augusta, fruto de uma criação mimada e rígida, Gein comete estes atos na ânsia de aplacar sua dor, assim mata a quem considera pecadoras como uma maliciosa garçonete, uma esnobe vendedora e quem mais passasse pelo seu caminho e acreditasse não seguir os preceitos religiosos que aprendeu. Com cadáveres frescos, além de retirar a pele, ele ainda drenava o sangue da mesma forma que aprendeu a fazer com os animais.

Não muito cauteloso em seus ataques, mesmo assim Gein foi responsável por uma série de atrocidades e mutilações. Quando foi pego em flagrante em 1957, nem mesmo a polícia acreditou no que encontrou em sua casa, um verdadeiro show de horrores. Além dos objetos feitos com partes humanas, incluindo ossos, foram descobertos mais de uma dezena de cadáveres em vias de serem esquartejados. Ele alegou não se lembrar de ter matado ninguém e acabou sendo enviado para um asilo psiquiátrico onde ficou preso até a sua morte em 1984 por causas naturais. Contudo, seus atos bizarros e cruéis o tornaram uma espécie de ícone pop com sites e fã-clubes, influência na literatura e, como já dito, inspiração para filmes emblemáticos. O Massacre da Serra Elétrica, por exemplo, teve o conceito do assassino Leatherface baseado, além dos hábitos de mutilação, no fato de na casa de Gein terem  sido encontrados rostos completos estampados em objetos como se fossem máscaras, embora exageraram ao afirmar que o filme como um todo foi baseado em eventos reais. Apesar da escabrosa história real, que por si só já é o bastante para impressionar, infelizmente Ed Gein – O Serial Killer evita ao máximo chocar e apresentar violência extrema como era de se esperar. É compreensível que o diretor Chuck Parello desejava fugir do lugar comum. Para que abusar da carnificina se quem vai ver o filme certamente já sabe ao menos o básico sobre o assassino? Contudo, acabou pegando muito leve na abordagem não conseguindo trazer à tona a complexidade e perversidade dos atos de Gein. O próprio roteiro de Stephen Johnston contribui para isso dando mais entonação dramática aos fatos, construindo lentamente o perfil psicótico do protagonista e só indo além na reta final, culminando com o ápice de sua loucura. No conjunto, o longa apresenta apenas uma trama razoavelmente interessante que prende a atenção por sabermos que tudo aconteceu de verdade, colaborando para tanto o fato de Railsback guardar grande semelhança com o assassino real. Com a ajuda de alguns retoques de maquiagem, é como se o ator tivesse colocado em prática as ações de seu personagem e usado uma máscara com a própria pele de Gein. Só faltou encarnar seu espírito com mais vitalidade.

Suspense - 89 min - 2000
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