Nota 7,0 Criativa visualmente, animação deixa a desejar quanto a narrativa um tanto tradicional
Quando dirigiram A Era do Gelo, Chris Wedge e o
brasileiro Carlos Saldanha precisaram economizar nas cores, abusando do branco
e tons pastéis. Já no projeto seguinte, Robôs,
situado em uma estilizada e moderna visão de futuro, a dupla usou e abusou da
paleta de tons vívidos conferindo um visual extremamente lúdico à obra que
narra a história de Rodney Lataria, um simpático adolescente feito de lata que
cresceu em uma cidadezinha de interior. Filho de um simplório lavador de
pratos, só conseguia peças de segunda mão para as suas atualizações de idade, a
forma como os de sua espécie se desenvolvem fisicamente. O jovem sempre sonhou
em conhecer Robópolis, a terra das oportunidades onde o inventor conhecido como
Grande Soldador, ídolo de todos, dizia que todo robô nasceu para brilhar, não
importa do que seja feito. Sozinho na metrópole, Rodney percebe que as coisas
não são tão fáceis assim. O ganancioso Dom Aço aposentou o famoso inventor do
comando de sua empresa de criação das peças de montagem e reposição e agora
lidera uma renovação no mercado, negando acesso aos itens necessários para
realizar a manutenção de alguns modelos que julga ultrapassados. Ao descobrir
que a maioria dos robôs estão condenados a virar sucata, o jovem herói de lata
decide enfrentar o magnata em nome dos ideais defendidos pelo lendário
Soldador, devolvendo um direito básico a todos os seus semelhantes. Assim a
narrativa mostra-se mais um conto sobre superação e força de vontade no qual os
fracos e oprimidos devem combater os fortes e suas injustiças, o argumento
básico de todas as animações voltadas ao público infantil, mas com um verniz
especial para vender criatividade aos adultos com uma bem-vinda crítica ao
consumismo. Poderia ser um caso de hipocrisia um desenho anticonsumo visar a
venda de brinquedos e guloseimas estampados com os personagens, mas as vendas
de bugigangas agregadas ao longa não foram lá muito significativas.
O roteiro de David Lindsay-Abaire,
Lowell Ganz e Babaloo Mandel procura entreter as crianças com doses certeiras
de humor, emoção, aventura e heroísmo, mas também atinge aos adultos com
diálogos inteligentes e muitas mensagens nas entrelinhas, inclusive evocando a
essência de clássicos filmes como
Metrópolis e
O Mágico de Oz. O início
é promissor mostrando o nascimento do protagonista, a forma de reprodução dos robôs
originados de encomendas entregues pelo correio e cujo desenvolvimento físico
depende da troca de peças. Contudo, com Rodney já adolescente, a graça é
transportada para a assimilação da sociedade humana em um outro tipo de contexto,
contudo a cidade dos homens de lata e futurista não traz nada a mais do que já
vimos em outros filmes e desenhos da seara. Aliás, o visual parece ter sido
inspirado em produções e publicidades da década de 1950, época em que se
tornaram populares fitas explorando como seria o mundo no futuro e os lares
começavam a ser invadidos por eletrodomésticos estilizados e coloridos,
características que se aplicam a estética dos personagens. Tudo o que
conhecemos como inanimado ganha vida, assim os mais diversos tipos de robôs
tornam-se engrenagens importantes de uma sociedade onde os humanos são
inexistentes, mas as máquinas pensam e agem como tais. Destaque para os
personagens Manivela, que serve de alívio cômico, Cappy, o interesse romântico
do protagonista, e Madame Junta, a verdadeira vilã do filme, a mãe que manipula
as ideias e ações de Dom Aço que revela-se submisso na verdade. A parte gráfica
prima pela excelência e o frenesi das cenas de ação compensam as obviedades do roteiro
que tenta agradar a todos os gostos. Drama, comédia, ação, aventura, musical e romance
se misturam colaborando para um ritmo irregular, no entanto, culminando em um
clímax de tirar o fôlego. Isso graças à animação tridimensional que possibilita
transportar o espectador para os mais variados lugares sem maiores
dificuldades. No conjunto,
Robôs acaba
sendo paradoxal. Apesar de toda ousadia e criatividade visual, sua narrativa não
segue o mesmo compasso e acaba soando ultrapassada, carregando demais nas
lições de moral de que a união faz a força, do acredite em seu potencial, entre
outras.
Animação - 90 min - 2005
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O Robô é uma graça de filme, apesar de não ter feito tanto sucesso na mídia, merece ser visto, é encantador o inicio do filme...
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