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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

UMA RAZÃO PARA VENCER


Nota 5 Longa narra como uma jovem uniu toda uma cidade em prol de uma equipe esportiva


Basquete, tênis, futebol, natação... Vários esportes já ganharam destaque em filmes de apelo emotivo. Geralmente baseadas em casos reais, produções do tipo contam histórias de superação e abordam a transformação de caráter das pessoas quando encontram um rumo na vida, algo a acreditar e a se dedicar. É a velha fórmula usada em tramas sobre a relação entre aprendiz versus mentor, mas no caso troca-se a sala de aula pelas quadras ou ginásios poliesportivos. Pelo genérico título, Uma Razão Para Vencer já deixa claro seu propósito: contar uma triste história, mas com final redentor e, neste caso, acima da média. Acostumada a quase sempre levar para casa troféus e medalhas com as vitórias conquistadas pelo time juvenil de vôlei a que tanto se dedica, Caroline (Danika Yarosh) está prestes a entrar na faculdade, vive rodeada de amigos e encontrou o perfeito equilíbrio entre diversão e responsabilidade nas quadras. Ela era o que poderia se chamar de garota exemplar, um modelo a ser seguido por suas colegas de escola que em sua maioria a idolatravam por méritos próprios, não em busca de popularidade.

Contudo, a vida de Caroline que poderia ser cheia de brilho apaga-se repentinamente em um fatal acidente de moto que também acaba por afetar emocionalmente todas as suas colegas de time que não conseguem mais jogar sem o incentivo da atleta que mesmo nos maus momentos procurava manter o alto astral e o companheirismo entre o grupo. Cabe à treinadora Kathy Bresnahan (Helen Hunt) a difícil missão de resgatar a moral das meninas e colocá-las novamente no trilho do sucesso. Para tanto, ela precisará contar com a boa vontade de Kelly (Erin Moriarthy), a melhor amiga da falecida e a quem caberá ocupar o lugar de líder da equipe. E o que parecia ser um filme água-com-açúcar, que teria o vôlei como desculpa para entre uma partida e outra as meninas se envolverem em conflitos amorosos, de crise existencial banal ou rusgas para ver quem seria a rainha do baile de formatura, se transforma em um envolvente drama que nos leva a pensar sobre as proporções que pode atingir uma tragédia. Neste caso de forma positiva. 


O roteiro de David Aaron e Elissa Matsueda homenageia a jovem Caroline "Line" Found, uma entusiasta jogadora do time West High da  cidade Iowa que teria um futuro brilhante no esporte. Sua morte violenta e precoce poderia ser apenas mais uma a aumentar estatísticas, mas gerou tamanha comoção que ultrapassou os limites das quadras. Não só os estudantes, mas toda a população local se uniu em uma corrente de positivismo para incentivar as meninas a continuarem a jogar com garra e a virar o jogo contra as constantes derrotas que as estavam perseguindo rumo a um importante campeonato estadual. A direção de Sean McNamara, embora dispense o trato para futilidades pertinentes ao universo juvenil, por outro lado não abre mão de usar as mais variadas técnicas para emocionar, da trilha sonora lacrimosa e cheia de rompantes aos closes de olhares entristecidos ou tensionados. O golpe fatal vem nos créditos finais que são acompanhados de fotos e vídeos da verdadeira Caroline mostrando o quanto era alegre e de bem com a vida. É de partir o coração. 

A carismática Moriarty convence com uma atuação digna e que deixa latente o quanto a perda da melhor amiga afetou o emocional de Kelly, ainda mais com o peso de se tornar a sucessora dela no time e levá-lo a conquistar um importante campeonato para honrar a memória da garota. É um perfil com certa complexidade emocional, mas que a jovem intérprete desenvolve com bastante naturalidade expondo sentimentos condizentes com uma adolescente que provavelmente está vivendo seu primeiro baque emocional. Merece também destaque o veterano William Hurt interpretando Ernie, o pai da homenageada, que mostra-se um homem equilibrado que apesar de devastado pela dor da perda procura compreender o porquê do acontecido e ver a situação de uma forma mais positiva. Assim, engaja-se na campanha a favor do time que a filha tanto amava ao invés de encará-lo como uma dolorosa lembrança. 


A mesma visão libertadora tem a treinadora vivida por Hunt, mas que não consegue expor de forma totalmente emotiva o dilema da personagem, afinal ao mesmo tempo que está dilacerada e deve ter compaixão pelas atletas também precisa ter fibra para incentivá-las a seguirem em frente. Com ritmo irregular, passando de um intenso primeiro ato para a busca por um respiro no sufocante clima que se instaura em meio a equipe esportiva, Uma Razão Para Vencer cumpre seu propósito de inspirar, mas não oferece a real dimensão do legado que uma jovem deixou a toda uma cidade. O roteiro falha apresentando quem foi Caroline de uma maneira muito ligeira, talvez por sua lição ser muito simples: viver intensamente cada momento. Ela é a prova que tudo pode mudar em um segundo.

Drama - 110 min - 2018

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