Nota 3,5 História de vida de um humilde campeão não cativa por seu esporte ser um tanto restrito
Filmes com temáticas esportivas,
em sua maioria, já nascem fadados ao esquecimento pelo simples fato de que cada
pátria tem seu esporte de coração e seus próprios ídolos. Tentar passar a
emoção de um determinado torneio marcante para um país dificilmente cativa a
audiência, ainda mais quando ela é alheia ao esporte em questão, e nem sempre
histórias de superação funcionam como desculpa. É certo que produções do tipo
tem seu público cativo e a publicidade do baseado em fatos reais que geralmente
as acompanham ajudam a chamar atenção, mas são fitas que não rendem dinheiro e
tampouco repercussão. Se os resultados são pífios, é quase um mistério entender
como os envolvidos mais diretamente, como elenco principal, diretores e
roteiristas, muitas vezes renomados, ainda topam trabalhar em filmes do tipo. O
saudoso ator Bill Paxton escolheu justamente esse universo para seu segundo e
último filme como diretor, mas toda a emoção vendida pelo pomposo título O Melhor Jogo da História não é correspondida.
Baseado em um livro de Mark Frost, autor dos roteiros de Quarteto Fantástico e sua continuação, o filme narra a história de
Francis Quimet (Shea LaBeouf), um rapaz que desde a infância era apaixonado por
golfe e conseguiu um emprego como "caddie", aqueles garotos que
carregam os tacos e acessórios para os jogadores, mas sua origem humilde o
impedia de investir na carreira de esportista profissional. Contudo, mesmo
jogando na categoria de amador, ele surpreendeu o mundo ao se tornar o mais
jovem competidor a vencer um badalado torneio em 1913, derrotando o seu próprio
ídolo, o experiente atleta inglês Harry Vardon (Stephen Dillane), conhecido
como o "Rei do Estilo". A relação dos dois é trabalhada com traços de
uma rivalidade sadia e encontra resquícios na amizade de Quimet com seu próprio
colaborador, o pequeno e cativante Eddie Lowery (Josh Flitter) que incentiva
com seu positivismo o atleta amador a superar os obstáculos que lhe são
impostos.
Paxton não quis se arriscar na
direção e seguiu uma fórmula pronta de Hollywood. Além de um esporte popular
entre os ianques para justificar uma história edificante e real, visualmente o
longa enche os olhos com belos cenários e paisagens que exalam bucolismo com
seus tons pastéis e amarelados. Os créditos iniciais, situando o espectador
quanto a década de 1910 a partir de referências visuais que exploram a moda,
costumes, cultura e outros aspectos da época, já fisgam a atenção pela beleza das
imagens e pelo ritmo ágil imposto pela edição evidenciando que
caracteristicamente tal período foi repleto de transformações. Uma pena que a
narrativa não siga tal velocidade. Com cerca de duas horas de duração, O Melhor Jogo da História inevitavelmente se
arrasta, principalmente quando se prende a longas sequências explorando as
partidas de golfe, o que para nós brasileiros e para outros tantos povos particularmente
soa cansativo. Não temos tradição no esporte e tampouco conhecimentos quanto
suas regras, assim acompanhamos tais cenas com tédio. O que salva um pouco o
filme é o previsível conflito entre pai e filho, mas por conta da força das
interpretações. O Sr. Arthur (Elias Koteas) nunca aceitou o envolvimento do rebento
com o golfe e o incentivava a focar apenas nos estudos visando uma carreira
como homem de negócios em qualquer área que renda dinheiro, menos o esporte que
muitas vezes pode ser traiçoeiro, alimentando sonhos por anos a fio e os
encerrando com rapidez absurda. Claro que também há um interesse amoroso para o
protagonista e para ajudar a preencher o tempo de arte, mas o flerte entre
Quimet com a bela Sarah Wallis (Peyton List) soa extremamente insosso. Sem
ousadias e tampouco preocupação em tentar apresentar o mundo do golfe de
maneira mais criativa e atraente ao grande público, esta é mais uma produção
envolvendo o universo esportivo bela plasticamente, mas desprovida de emoção.
Não adiantam retumbantes acordes da trilha sonora para adornar as cenas de
tacadas fenomenais do protagonista na reta final quando sua própria história de
vida não cativa desde o início.
Drama - 120 min - 2005
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