Nota 7,5 Despretensiosa e divertida, comédia já ditava o estilo de trabalho de Adam Sandler
Muitos homens fogem como o Diabo
da cruz quanto a ideia de se tornarem pais. Assumir responsabilidades, ter que
alterar suas rotinas e de certa forma perder a liberdade que tanto se orgulham
de ter são alguns dos empecilhos de colocar um filho no mundo. E o que dizer de
caras dispostos a encarar o desafio por amor a uma criança que literalmente
bate à sua porta sem mais nem menos? Esse é o plot da comédia O
Paizão, mais uma entre tantas comédias semelhantes no currículo de Adam
Sandler, na época já um astro nos EUA, mas no Brasil um ilustre desconhecido.
Na trama que o próprio assina como produtor e o roteiro em parceria com Steve
Franks e Tim Herlihy, ele dá vida ao boa-vida Sonny Koufax, rapaz formado na
faculdade de direito, mas que se contenta com a merreca que ganha trabalhando
como cobrador em um pedágio em Nova York, ao contrário de seus amigos que
exercem a profissão e ganham altos salários. Ele também sobrevive graças a uma boa indenização que recebeu por conta de um acidente de trânsito patético. Sua preocupação no momento é a
todo custo provar para namorada Vanessa (Kristy Swanson) que não é nenhum
inútil e assim reconquistá-la. O pé na bunda era o que ele precisava para
acordar para a vida e amadurecer. No entanto, essa mudança de vida só é
possível a partir do momento que conhece o pequeno Julian (papel revezado pelos
gêmeos Cole e Dylan Sprouse), um garotinho de cinco anos que é abandonado com
um bilhete da mãe pedindo para procurar certo homem. Sonny não é o tal cara,
mas de imediato compra a ideia da adoção pensando em reconquistar a namorada,
mas não esperava se afeiçoar tanto ao menino. A transição de adolescente
fanfarrão para adulto responsável é feita de maneira convincente. O roteiro
aborda várias situações em que ele educa o garoto como se fosse um amigo dando
conselhos ao outro, claro que a maioria reprováveis, mas dentro de seu universo
perfeitamente aceitáveis, até seus amigos aprovam. Somente quando é criticado
por alguém de fora de seu circuito de amizades é que lhe cai a ficha dos erros
que está cometendo.
Cobrir com plástico o xixi na
cama ou com o jornal o leite derramado no chão, que comida boa é fast-food e
que as latas amassadas no mercado são melhores porque custam metade do preço
são algumas das importantes lições de Sonny. Fala sério, que criança não
gostaria de ter um pai assim divertido e desencanado? Contudo, para a Justiça
essa farra está com os dias contados e Julian deverá ser entregue para adoção
por alguém com mais condições e juízo para criá-lo, a deixa para Sandler tentar
mostrar que não sabe só fazer graça e que pode ser levado a sério como ator dramático.
Ainda bem que o melodrama é raso e quando chegamos na parte do tribunal os
diálogos continuam divertidos e até bizarros para a situação, mas isso é uma
comédia e tudo é permitido. Em paralelo as peripécias de brincar de ser pai, o
rapaz ainda vai viver um dilema amoroso, pois surge em seu caminho Layla (Joey
Lauren Adams), uma bela jovem que além de não se importar com seu jeito
descompromissado de levar a vida providencialmente é uma advogada. Que sorte a
dele, não é? Com direção de Dennis Dugan, que já havia trabalhado com Sandler
em Um Maluco no Golfe e viria a se
tornar seu habitué parceiro em outras tantas comédias, O Paizão foi
um extraordinário sucesso nos EUA, onde o astro já era famoso por participar do
programa de TV "Saturday Night Live. No entanto, na época o ator ainda era
pouco conhecido no Brasil e seus filmes tinham passagens relâmpagos pelos
cinemas. Azar dos coadjuvantes de seus filmes. Aqui, além do carisma dos irmãos
Sprouse, temos as divertidas contribuições de Steve Buscemi e Rob Schneider,
amigões de Sandler, interpretando respectivamente um crítico sem-teto e um
entregador de pizzas sem noção. Também vale destacar Kevin (Jon Stewart), amigo
do protagonista que terá grande importância no desfecho, e de sua namorada
Corine (Leslie Mann), garçonete de uma lanchonete que só contrata mulheres
peitudas e a dona de divertidas piadas. E quanto ao final você já sabe o que
esperar. Além da felicidade garantida, ainda que de forma levemente diferente,
mais uma vez o cara considerado um zero à esquerda vira o jogo e mostra-se
superior, a sina de nove entre dez personagens de Sandler.
Comédia - 95 min - 1999
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