Nota 2 Monótono e vazio, suspense é desculpa para dar sobrevida a jovens atores fracassados
Os filmes que usam o chamado “found footage” (edição de vídeos caseiros supostamente reais), como Atividade Paranormal, e aqueles que aprisionam alguns poucos personagens em um local assombrado, como A Casa Silenciosa, já deram o que tinha que dar e A Aparição era a pá de cal que faltava para cobrir seus túmulos. A produção simplesmente se resume a uma colcha de retalhos de escancarados clichês sem propósito algum, a não ser uma tentativa desesperada de dar sobrevida a subcelebridades lançadas em filmes destinados ao público juvenil. Ashley Greene era uma das vampiras coadjuvantes de Crepúsculo e suas continuações, mas não tem o menor talento para protagonista, tampouco simpatia para tanto. O mesmo se pode dizer de seu parceiro de cena Sebastian Stan, cujo trabalho de maior destaque foi no obscuro terror adolescente O Pacto. Sem o menor entrosamento, a dupla interpreta Kelly e Ben, um jovem casal de namorados que decide experimentar como é dividir o mesmo teto e vão passar uma temporada em uma propriedade da família dela. Obviamente a casa, embora faça parte de um conglomerado residencial, está isolada tanto por sua localização afastada quanto pela ausência praticamente de vizinhos.
As expectativas de uma vida harmoniosa a dois caem por terra quando estranhos fenômenos passam a atormentá-los. Portas trancadas se abrem sozinhas, móveis mudam de lugar sem mais nem menos, problemas constantes com eletricidade, roupas aparecem com nós e bolores brotam nos mais diversos lugares da casa. Enfim, tudo quanto é clichê do gênero bate cartão. Só faltou a assombração que grunhe e de cabelos escorridos pinçada dos terrores orientais. Epa! Na verdade até surge uma entidade do tipo, no entanto, sua participação é tão rápida que piscou perdeu, o que compromete a justificativa do título. Aliás, explicações, ou melhor, a falta delas é a palavra-chave para o fracasso da fita, até então a pior arrecadação de todos os tempos da Dark Castle, empresa especializada em filmes de terror e suspense que já teve resultados melhores mesmo com fracos produtos como Navio Fantasma.
Em determinado momento Kelly exclama que a residência é nova demais para ser assombrada, mas o que parecia ser mais uma entre tantas asneiras que fala, no entanto, faz todo sentido. Na realidade, o problema não é a casa e sim o passado de Ben. Junto com alguns amigos ele participou de um experimento científico a fim de provar que fenômenos paranormais são provocados pela força da mente humana. Contudo, a tal sessão acabou de forma inesperada com uma das garotas do grupo sendo arremessada contra uma parede e desaparecendo, além de deixar uma espécie de portal aberto para um fantasma transitar entre os vivos.
O experimento foi gravado em vídeo que posteriormente acaba sendo descoberto por Kelly que faz uma ridícula cena de ciúme já que a tal moça teria tido um flerte com Ben. O que é pior, saber que o namorado é um galinha ou descobrir que uma assombração a persegue por causa de uma burrada dele? Aparentemente a protagonista acredita que a primeira opção é mais preocupante. Realmente o roteiro de Todd Lincoln é tão frouxo quanto sua direção. O pior é que embora o texto não ajude, os primeiros minutos são bem interessantes. O prólogo mostra o tal experimento sendo realizado em meados da década de 1970 trazendo consequências trágicas para os participantes, ideia baseada em eventos reais. Embora curta, a introdução é intrigante, assim como a ideia de apresentar o fantasma na forma de bolor, embora não seja nada original e que poderia ser melhor desenvolvida. Poderia haver uma associação do mofo com a parapsicologia, mas seria exigir demais de uma produção que nem objetivo claro tem.
O filme fica ainda mais chato com a entrada de Tom Felton, oriundo da cinessérie do Harry Potter. Ele dá vida à Patrick (maneira de falar porque o personagem é um mosca morta), outro participante da experiência malfadada que deveria surgir para trazer respostas e solucionar o problema, mas sua participação é apática e só deixa tudo mais sem sentido com suas explicações estapafúrdias envolvendo ciência e espiritualidade. A Aparição é um execrável produto que não respeita a inteligência do espectador.... Os incautos, já que críticas ruins não faltam na internet como aviso de amigo.
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