Nota 6,0 Moral desta comédia é universal, mas tema é enraizado demais na cultura americana
Entre os vários motivos que podem
levar um filme a não ser lançado nos cinemas provavelmente estão a fraca
bilheteria em seu país de origem ou a falta de identificação do tema principal
com a cultura de outras regiões do mundo. Esses dois pontos devem ter sido
levados em consideração no caso de
O Grande Ano,
uma comédia que até traz uma mensagem universal em sua conclusão, mas para
chegarmos até ela temos que aturar uma narrativa pouco atrativa, arrastada e
cuja temática é extremamente distante dos costumes brasileiros, quase uma
utopia. Kenny (Owen Wilson) é o atual campeão de uma competição bastante excêntrica.
Durante um ano inteiro os inscritos se propõe a observar o maior número
possível de pássaros, principalmente de espécies raras. A pessoa que fica em
primeiro lugar não ganha prêmio algum material, mas sai da disputa com o ego
massageado, a satisfação pessoal é o grande trunfo do evento. O rapaz, mesmo
sabendo que pode colocar seu casamento em risco priorizando seu hobby, não quer
deixar que alguém o descambe na disputa e não pensa duas vezes antes de
embarcar novamente nesta diversão atípica na qual os participantes devem ter
total disponibilidade de tempo para viajar. Todavia, desta vez Kenny terá dois
fortes concorrentes para enfrentar. Stu (Steve Martin) é um grande executivo
que quer em breve se aposentar e vê no evento a chance de dar o primeiro passo
para curtir sua liberdade. Já Brad (Jack Black) é praticamente um homem que
esqueceu ou simplesmente decidiu não querer crescer. Acomodado com sua vida
enfadonha e visto como um perdedor por muitos, agora ele pode provar que pode
ser bom em alguma coisa.
Estamos tão acostumados a dar as
costas à natureza, priorizar o individualismo e acreditar que todas as nossas ações
devem trazer alguma recompensa que fica difícil compreender o que leva uma
pessoa a passar um ano inteiro percorrendo diversas regiões com o objetivo de
avistar o maior número de aves raras possível sem ganhar nenhuma recompensa
financeira ou material ao final. E o que dizer de receber uma ligação de um
concorrente avisando que em tal lugar existe uma ave raríssima que você precisa
anotar em sua lista? Tal solidariedade é quase surreal em nossa realidade. Baseado
no livro de Mark Obmascik, outro ponto que pode causar estranheza para nós no
roteiro de Howard Franklin é a regra da honestidade. Os participantes da prova
podem simplesmente observas os pássaros e anotar em sua lista, não precisando
de provas materiais para checagem. Essa competição pode parecer bizarra, mas
ela realmente existe, é tradicional nos EUA e pode ser realizada nas limitações
de um único estado, mas o diretor David Frankel, dos ótimos
O Diabo Veste Prada e
Marley e Eu, foi ambicioso e explorou o
tema englobando todo o território americano, algo que colabora para acentuar a
sensação de superficialidade do roteiro que pouco aposta na comédia, mesmo
tendo como protagonistas três grandes nomes do gênero. Por outro lado,
felizmente as piadas de mau gosto passam bem longe deste enredo. Com um elenco
coadjuvante muito bom, incluindo nomes como Anjelica Huston e Diane West,
O Grande Ano é uma produção difícil de ser
classificada em um gênero específico e deixa o espectador em cima do muro na
hora de avaliá-la. Não é excepcional, tampouco um lixo. Te entedia em vários
momentos, mas quando aposta em sequências levemente dramáticas te envolve. No
final das contas, a mensagem que este trabalho carrega é a batida, porém, ainda
necessária lembrança de que o sucesso tem um preço e cabe a cada um avaliar se
vale a pena pagar por ele. Em todo caso, esta é uma opção para dar uma
conferida pelo menos para matar a curiosidade sobre o tal evento que dá título
ao longa.
Comédia - 99 min - 2011
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