Nota 3,0 Embora cumpra razoavelmente o que propõe, fita já carrega no título sua âncora
Teoricamente quem realiza um
filme deseja que ele seja um sucesso e seja lembrado por anos e anos no
imaginário popular, mas o que dizer de uma obra cujo próprio título trata de
rotular a fita como algo datado? Quando pensaram no batismo de Drácula 2000 certamente os produtores queriam
deixar bem marcado que esta seria uma versão modernizada do conto do rei dos
vampiros, sua versão século 21, mas o tiro acabou saindo pela culatra e a
produção já nasceu com ares de velharia mesmo apostando na trilha sonora
hardcore e clima gótico revisitado. Em tempos que Hollywood literalmente
exorcizava seus demônios aproveitando-se dos medos e dúvidas quanto a virada do
milênio, obviamente o vampirão mor não poderia ficar de fora dessa onda e Wes
Carven, da série Pânico, é quem foi o
responsável (ou seria irresponsável?) de despertar o dentuço. Na verdade foi
ele quem bancou a produção, provavelmente para ganhar o aval para algum futuro
trabalho, mas a direção ficou a cargo do então novato Patrick Lussier que tentou
dar uma roupagem mais jovem ao mito criado no século 19 pelo escritor irlandês Bram
Stocker. Seu roteiro, em parceria com Joel Soisson, até que começa bem
respeitando o perfil clássico do vilão, mas não demora muito para a trama
descambar para situações previsíveis e destrinchar conceitos sem muito sentido.
Nos dias atuais (lembrem-se, ano 2000, detalhe importantíssimo), Matthew Van
Helsing (Christopher Plummer), um descendente direto do famoso caçador de
criaturas das trevas, cuida de um antiquário em Londres que certa noite é
invadido por um bando que arromba o cofre, mas ao invés de preciosidades
valiosas encontram apenas um caixão de
prata lacrado no qual se encontra o corpo do primeiro e verdadeiro Drácula,
vivido por Gerard Butler em época de trabalhos escassos e contas a baciadas. O
ator se limita a fazer as caras e bocas características do sanguessuga não
trazendo nenhum elemento diferenciado em sua composição, portanto, passa batido
na vasta galeria de releituras do personagem.
O roubo orquestrado por Marcus
(Omar Epps) é ligeiro, apenas para marcar a introdução, sem explicações quanto
a facilidade para invadirem o lugar e roubarem algo que simplesmente
justificava a existência da loja, no fundo, apenas de fachada. Ok, a secretária
do dono, Solina (Jennifer Esposito), ajudou no plano, mas mesmo assim que
segurança fajuta... Van Helsing
imediatamente sai no encalço dos bandidos na companhia de Simon (Johnny Lee
Miller), seu jovem aprendiz. Eles partem para New Orleans para encontrar Mary
(Justine Waddell), a filha do caçador que revela ter uma misteriosa e
intrínseca ligação com o príncipe das trevas. Assim como nas fitas da época o
Anticristo precisava procriar, Drácula também quer um herdeiro para dar
continuidade a seu legado. Pegando carona na moda do apocalipse então em voga,
o filme propõe que as origens do verdadeiro Drácula teriam ligações com a Santa
Ceia, ao traidor bíblico Judas Iscariotes e o próprio Jesus Cristo seria um dos
responsáveis pela existência de tal criatura maléfica. Delírios à parte, Drácula 2000 é um tremendo engodo, uma
tentativa frustrada de atualizar o clássico conto para os tempos da computação
gráfica como instrumento narrativo, da tecnologia como aliada para os mais
diversos fins, da concorrência com os assassinos de carne e osso e do ritmo
alucinante dos videoclipes (até isso ajuda a fita a soar ultrapassada). Claramente
inspiradas nos malabarismos de Matrix, as
cenas de embate entre Drácula e suas esposas (sempre tem que ter umas
vampirinhas safadas) contra a turma dos alhos e água-benta também parecem datadas,
mas hoje ainda a fita pode entreter adolescentes, afinal sangue e violência não
faltam e a trilha sonora pesada ao som de bandas de metal devem garantir o
interesse de quem quer uma desculpa para uma reunião com os amigos. Fiasco total nas bilheterias, ainda assim
gerou duas continuações piores ainda, mas com vilão e caçador vividos
respectivamente por Stephen Billington e Jason Scott Lee. Depois de tantas
tentativas fracassadas, deveriam deixar o vampirão descansar em paz, mas
infelizmente o retiraram da tumba em Drácula
3000, Drácula 3D, Drácula - A
História Nunca Contada...
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