Nota 4,0 Encontro de grandes nomes do humor é prejudicado por trama e direção preguiçosos
A gênese do longa 1 Dia 2 Pais deve ter sido mais ou menos
assim: seus produtores tinham em mãos os direitos da refilmagem do longa
francês Les Compères (nunca lançado
no Brasil e em vários outros países), mas mesmo não sendo uma produção popular
seu texto era perfeito para uma diversão familiar e como pretexto para reunir
Billy Crystal e Robin Willians, dois grandes amigos na vida real e sinônimos de
comédia. Soma-se a isso a direção de Ivan Reitman, experiente no gênero com
sucessos como Irmãos Gêmeos, não
teria como o projeto decepcionar, contudo, mesmo com uma agressiva campanha de
marketing o longa não emplacou nas bilheterias. Nem mesmo na TV que tanto gosta
de repetir os títulos a comédia conseguiu seu espaço. Há justificativas. Apesar
do encontro de duas feras do humor propiciar alguns bons momentos, falta
credibilidade ao enredo de Lowell Ganz e Babaloo Mandel, dupla responsável pelo
clássico sessão da tarde Splash - Uma
Sereia em Minha Vida. Collette (Nastassja Kinski) é uma bela mulher que
confidencia ao bem-sucedido advogado Jack Lawrence (Crystal), com quem há
alguns anos teve um breve romance, que ele é o pai de seu filho Scott (Charlie
Hofheimer), já um adolescente que acaba de fugir de casa e a mãe joga a responsabilidade
de encontrá-lo nos ombros do homem que por tantos anos fez questão de manter
afastado do garoto. Lawrence pula fora da jogada, pelo menos por um tempo, e
então ela tenta colar o mesmo papo com outro antigo affair, o depressivo Dale
Putley (Williams), um artista fracassado que nem se importa com a possibilidade
de ter perdido anos de convívio com seu suposto filho e encontra na
possibilidade de ser pai um novo ânimo para sua vida. Não demora muito para o
caminho destes homens se cruzarem e eles perceberem que procuram a mesma pessoa
e que Collette fez jogo duplo. Mesmo assim eles partem juntos em busca do
garoto que está seguindo os passos de um banda de rock pela Califórnia. Até que
eles o encontram facilmente e cuidam dele com muito carinho, ao menos na
primeira noite, já que logo na manhã seguinte ele foge de novo.
Enquanto os papais recém-avisados se desesperam mais uma vez para achar Scott, Bob (Bruce Greenwood), o marido de Collette e o homem que de fato criou o garoto, também entra nesta perseguição, mas acreditando ser o pai biológico. Ainda juntam-se nesta corrida Carrie (Julia Louis-Dreyfus), a esposa de Lawrence, e uma gangue de traficantes de drogas. Tudo acaba sendo desculpa para a dupla de comediantes mostrarem seu traquejo com o humor e algumas cenas visivelmente foram boladas apenas para encaixar certas particularidades de suas interpretações, mas no conjunto destoam, deveriam ter sido limadas na edição final. Williams, como era de se esperar, representa a comédia de forma mais amalucada, cheio de trejeitos, caras e bocas e com uma velocidade incrível para disparar piadas. Já Crystal, acostumado com comédias mais cult, interpreta o sujeito mais sério, mas que faz humor usando o sarcasmo e a inteligência, ainda que tenha seus momentos de pastelão como quando prende a abotoadura da camisa no piercing de um nariz alheio. Os dois trocam farpas o tempo todo, mas nessa busca pelo filho praticamente não se desgrudam vivendo uma relação antagônica saudável. A reação fraca nas bilheterias para um encontro esperado dos humoristas pode ser explicada porque de fato em 1 Dia 2 Pais eles estão mais contidos que de costume, talvez por receio de competirem em cena e abalar a amizade fora das telas. Meio que pisando em ovos, fica um pouco difícil acreditar que ambos foram tomados por um súbito instinto de paternidade. Outro ponto que atrapalhou é o fato de ter sido lançado nos cinemas em uma época repleta de filmes nos quais os efeitos especiais de ponta eram os chamarizes, assim uma comédia simples como essa só podia acabar soterrada. E também tem a direção preguiçosa como ponto negativo. A impressão final é que Reitman não dirigiu seus protagonistas, simplesmente ligou a câmera e deu ordem para ficarem a vontade e brincarem o quanto quisessem. Foi o que fizeram... Com moderação.
Enquanto os papais recém-avisados se desesperam mais uma vez para achar Scott, Bob (Bruce Greenwood), o marido de Collette e o homem que de fato criou o garoto, também entra nesta perseguição, mas acreditando ser o pai biológico. Ainda juntam-se nesta corrida Carrie (Julia Louis-Dreyfus), a esposa de Lawrence, e uma gangue de traficantes de drogas. Tudo acaba sendo desculpa para a dupla de comediantes mostrarem seu traquejo com o humor e algumas cenas visivelmente foram boladas apenas para encaixar certas particularidades de suas interpretações, mas no conjunto destoam, deveriam ter sido limadas na edição final. Williams, como era de se esperar, representa a comédia de forma mais amalucada, cheio de trejeitos, caras e bocas e com uma velocidade incrível para disparar piadas. Já Crystal, acostumado com comédias mais cult, interpreta o sujeito mais sério, mas que faz humor usando o sarcasmo e a inteligência, ainda que tenha seus momentos de pastelão como quando prende a abotoadura da camisa no piercing de um nariz alheio. Os dois trocam farpas o tempo todo, mas nessa busca pelo filho praticamente não se desgrudam vivendo uma relação antagônica saudável. A reação fraca nas bilheterias para um encontro esperado dos humoristas pode ser explicada porque de fato em 1 Dia 2 Pais eles estão mais contidos que de costume, talvez por receio de competirem em cena e abalar a amizade fora das telas. Meio que pisando em ovos, fica um pouco difícil acreditar que ambos foram tomados por um súbito instinto de paternidade. Outro ponto que atrapalhou é o fato de ter sido lançado nos cinemas em uma época repleta de filmes nos quais os efeitos especiais de ponta eram os chamarizes, assim uma comédia simples como essa só podia acabar soterrada. E também tem a direção preguiçosa como ponto negativo. A impressão final é que Reitman não dirigiu seus protagonistas, simplesmente ligou a câmera e deu ordem para ficarem a vontade e brincarem o quanto quisessem. Foi o que fizeram... Com moderação.
Comédia - 99 min - 1997
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