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sábado, 29 de julho de 2017

NO MUNDO DO PODER

Nota 6,0 Drama aborda o mundo político de forma de fácil assimilação, mas perde a mão no final

Com tantas críticas negativas e ofensas, como pode ainda existir pessoas com desejo de entrarem para a política? Os salários exorbitantes, regalias, respeito de uma minoria, porém, de pessoas influentes, enfim a sensação de poder é inebriante e até mesmo aqueles que têm o sonho de mudar as coisas acabam se sucumbindo a essa pressão, afinal quem não entra no jogo político tem de sair por vontade própria bem caladinho ou é expulso na marra, vivo ou morto. No Mundo do Poder é um drama francês que retrata uma realidade universal: o cotidiano sujo daqueles que deveriam zelar pelo bem estar da população que os elegeu. O longa começa no final dos anos 70 quando um jovem aspirante a carreira política está dando os primeiros passos para aprender a arte da falsidade e a travar suas primeiras conexões com pessoas influentes graças a ajuda que recebe de Frédéric Saint-Gullaume (Claude Rich), uma cobra criada no mundo em que o céu é o limite. Anos mais tarde, o presidente (Albert Dupontel) já é um homem experiente no meio e está empenhado na criação de uma arma limpa revolucionária, um truque para conseguir sua reeleição, mas alguns problemas podem atrapalhá-lo. Um avião cai e somem centenas de envelopes contendo dinheiro suspeito e o fato de um amigo seu ser o chefe da empresa contratada para o desenvolvimento da tal arma podem arruinar sua imagem de homem honesto, marketing construído ao longo de muitos anos com a ajuda de uma equipe brilhante e determinada liderada pelo seu antigo mentor que mesmo afastado da política ainda mantém seu poder de persuasão. Todavia, a grande ameaça pode ser a inesperada entrada de um jovem em sua vida. Sua filha Nahema (Melanie Doutey) está namorando Mathieu (Jérémie Renier), um rapaz muito inteligente e com habilidades com números. O presidente quer conhecê-lo, mas antes consegue toda a sua documentação social, assim descobrindo que ele tem ficha na polícia devido a uma prisão que durou alguns poucos meses por conta de anarquismo. O genro justificou o episódio como uma reação negativa e imatura de um adolescente pego de surpresa com a notícia da morte do pai e assim parece conquistar a confiança do sogro que lhe oferece um cargo na área econômica do governo.

Matthieu é de origem humilde e seu comportamento simples chama a atenção de seus colegas de trabalho, mas como todos já estão corrompidos pelo bichinho da política consideram atitudes como ele andar de metrô uma forma de estar em contato com os eleitores para levar informações relevantes para o presidente. Todavia, o jovem corre o risco de não conseguir escapar de seguir o mesmo caminho e logo demonstra mudança de comportamento, mas é avisado pelo sogro para tomar cuidado. No fundo, o presidente não é um homem feliz, principalmente agora que chegou ao topo, assim seu único objetivo de vida é tentar manter-se no alto comando do governo e para isso não mede esforços como, por exemplo, transformar uma simples reunião com políticos africanos para apagar um antigo incêndio entre as nações em um grande evento que atrairia a atenção da mídia. Na ocasião, ele é vitima de uma tentativa de homicídio e ao saber que imagens dele baleado já circulam na internet e na TV não pensa duas vezes antes de tirar proveito da situação, assim, mesmo estando bem de saúde, pede para seus auxiliares divulgarem o episódio como se ele estivesse lutando pela sobrevivência. Enquanto vivencia no dia-a-dia os podres da vida política, Matthieu apenas esconde seu lado anarquista. Ele tenta fazer denúncias anônimas sobre o presidente e consegue colocá-lo em maus lençóis, inclusive correndo o risco de ser afastado da política, mas o governante já é vacinado contra espiões e descobre com antecedência os planos do rapaz que não se preocupou que suas atitudes poderiam colocar seu noivado e futuro em risco, assim fazendo prevalecer seus ideais. No Mundo do Poder possui argumento interessante e passagens inspiradas como as que mostram a relação de sensacionalismo estabelecida entre a política e a mídia para manipular a opinião pública, porém, na reta final o longa torna-se tedioso, perde-se o espírito crítico e investigativo até culminar em uma sequência final sem impacto algum. O conjunto também é prejudicado pelo excesso de situações e nomes citados, erro muito comum na cinematografia francesa que é radical: as vezes economiza demais e em outras oportunidades exagera nos enredos com referências desnecessárias. Em tempo: o protagonista não tem seu nome mencionado em momento algum, uma alusão ao fato que sua vida na política o fez perder sua identidade para dar lugar a um personagem.

Drama - 93 min - 2006

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