Nota 6,0 Apostadores e bandidos têm suas vidas ligadas em drama que podia render mais
Todas as pessoas estão em busca
de algo. Amor, felicidade, saúde, dinheiro ou, em outras palavras, simplesmente
mais vida. Contudo, estes objetivos exigem cautela, pois se não tomar cuidado
você pode acabar ficando com menos do que já tem. É basicamente com este
pensamento que o diretor Mark Rydell abre seu drama A Última Aposta, obra em
estilo mosaico na qual as vidas de pessoas completamente diferentes acabam se
cruzando por causa de um ponto em comum: a obsessão por apostas. Carol (Kim
Basinger) é uma escritora viciada em jogos de máquinas caça-níquel, embora
quando ganhe sejam apenas alguns trocados insignificantes. Sua obsessão por
sempre tentar ganhar mais acaba atrapalhando sua vida profissional, já que
gasta muito tempo em cassinos e não se concentra para escrever, e também sua
vida particular, visto que suas incessantes desculpas para chegar tarde em casa
já estão chamando a atenção de Tom (Ray Liotta), seu marido. Certo dia, ela
acaba conhecendo por acaso Walter (Danny DeVito), um mágico frustrado e
trambiqueiro que se aproveita da compulsão da escritora para incentivá-la a lhe
ajudar a apostar em um campeonato de basquete universitário cujo resultado ele
sabe que já foi arranjado. Neste jogo irá participar o jovem Godfrey (Nick
Cannon), uma promessa do esporte e a tábua de salvação para seu irmão mais
velho, Clyde (Forest Whitaker), este que exige esforços do rapaz, pois tem
certeza que olheiros estarão acompanhando a partida e irão oferecer um contrato
milionário para o melhor jogador. Clyde deve muito dinheiro à Murph (Grant
Sullivan) e Augie (Jay Mohr), dois rapazes que ganham a vida realizando apostas
clandestinas via telefone e não medem esforços para cobrarem suas dívidas,
mesmo que seja necessário matar. De olho na dupla está o empresário do submundo
Victor (Tim Roth), que usa da corrupção para controlar e lucrar com apostas e
pode estar envolvido em uma misteriosa morte que está sendo averiguada pelo
detetive Brunner (Kelsey Grammer).
A rede do vício está montada.
Além dos problemas principais, cada personagem ainda terá que lidar com outros
dramas paralelos. Carol tem consciência de que as jogatinas estão lhe
arruinando, mas seu marido não está disposto a dar uma segunda chance para o
casal, principalmente depois que ele descobre que a mulher praticamente limpou
a conta bancária. Ele desconfia que ela está tendo um caso com Walter, este que
deseja ter a oportunidade de um dia encontrar um tal de Ivan e cobrar uma
grande e antiga dívida. O tal homem misterioso pode ter ligações estreitas com
Victor, este que possivelmente seguiria suas ordens, como convencer Godfrey a
atrapalhar seu time para que seu irmão não conseguisse o dinheiro da dívida.
Sem ter como receber a grana de Clyde, o exímio golpista Murph, que esconde por
vergonha da namorada Veronica (Carla Gugino) suas atividades, seria obrigado a
aceitar o convite de trabalho de Victor, mas ele tem medo do que pode lhe
acontecer futuramente fazendo parte do bando. Um “recadinho” enviado do chefão
do crime por intermédio de Augie mostra que ele não tem escrúpulos. O roteiro do
estreante Robert Tannen é eficiente e alinhava bem todas essas tramas
paralelas, mas como de costume em produções que lidam com crimes sobram nomes
que por vezes não acrescentam nada a trama ou que citados em excesso acabam
confundindo o espectador. De qualquer forma,
A Última Aposta consegue
ser envolvente e tem uma conclusão convincente que revela como funciona a rede
de crimes, uma roda-viva onde os mais fracos são facilmente amarrados a
bandidos, mas nem estes espertalhões podem estar a salvo, podendo se tornar
vítimas de seus superiores quando estes os julgam desnecessários ou ameaças por
saberem demais. É uma pena que Rydell, que dirigiu o clássico
Num Lago Dourado que deu o Oscar de
atores principais para os famosos Henry Fonda e Katherine Hepburn, parece ter
desaprendido a lidar com atores e conduz um bom time de intérpretes e com
personagens fortes de maneira superficial como se estivesse no comando de um
telefilme sem importância, o que não é o caso. Embora pequena e independente,
uma obra que tem seu valor e é acima da média para seus padrões.
Drama - 112 min - 2006
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