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sábado, 19 de novembro de 2016

END GAME

Nota 1,0 Presidente dos EUA é vitimado mais uma vez em suspense repetitivo e desenecessário

Ganhar um Oscar pode ser positivo e também negativo. Alguns artistas após um elogiado e premiado trabalho acabam caindo em uma espiral de fracassos e outros em contrapartida só ganham ou acumulam ainda mais prestígio. E tem aqueles atores que mesmo atuando em verdadeiras bombas acabam alimentando a fama de que “é o cara”. Esse é o caso de Cuba Gooding Jr. que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Jerry Maguire – A Grande Virada, mas depois disso fez pouquíssimos filmes que escaparam de serem duramente criticados ou até mesmo caindo no ostracismo de imediato ao lançamento. Todavia, não é difícil encontrar aqueles que ao verem seu nome estampado em um cartaz de cinema ou na capa de um DVD logo dispararem algo do tipo “esse filme deve ser bom, ele só faz coisa boa”. Coisa boa? Só peneirando duas ou três vezes sua filmografia para ver o que ela tem de bom. O fato é que seu jeito de cara malandro acaba criando empatia com o público e talvez por isso o ator não funcione em papéis mais sérios como o que ele encarna no chato suspense policial End Game. Aqui ela dá vida a Alex Thomas, um agente do Serviço Secreto responsável pela segurança do Presidente dos EUA (Jack Scalia). Certo dia, logo que chega a um evento público em uma universidade o político é atingido por um tiro certeiro e morre. Thomas passa a se sentir culpado pelo ocorrido, já que ele tentou desviar a bala de seu percurso original (super-herói com visão biônica?) e talvez esse pequeno detalhe possa ter provocado a tragédia. Agora o rapaz está obcecado pela ideia de resolver o crime e ganha uma importante aliada, a repórter Kate Crawford (Angie Harmon), mas cada novo suspeito ou pessoa ligada ao presidente que conseguem ter contato logo em seguida acaba morrendo em condições violentas. Logo os dois também passam a ser alvos de criminosos. Resumidinho dessa forma, até que o filme roteirizado e dirigido por Andy Cheng, ator de A Hora do Rush experimentando novos caminhos profissionais, daria para ser encarado afinal a premissa comum é perfeita para matar o tempo sem precisar usar o cérebro, mas infelizmente o longa tenta ser mais inteligente que suas reais possibilidades adicionando a suspeita de uma empresa ilegal estar ligada ao assassinato e até que o político poderia ser dependente de uma droga. O problema é que a maioria dos tiros do roteiro não estilhaça alvo algum, simplesmente somem no ar sem contribuir em nada para a história, apenas ajudam a torná-la pior.

Seria muito esquemático colocar uma dupla investigando um crime e a mesma passar a ser alvo de um vilão? Mas quem seria esse criminoso? Para instigar o espectador, Cheng lança mão de diversos personagens para embaralhar o raciocínio, mas a tática é um tiro no pé. Como a trama é enfadonha desde o início, fica difícil prestar atenção nos diversos personagens com passagem relâmpago ou apenas nomes que surgem nos diálogos, assim a certa altura até os mais persistentes devem estar ansiosos para que o final não demore a chegar. A trama, roteirizada com a ajuda de J.C. Pollock, não é nada original e tampouco faz questão de ao menos trabalhar melhor suas personagens. Simplesmente elas são jogadas na trama e colaboram para a sensação de vazio da produção, como por exemplo, o General Montgomery (Burt Reynolds), que só tem algumas frases dispensáveis, e o andarilho Shakey (David Selby), uma testemunha ocular do crime, mas que também não acrescenta muito à obra. Entre os tantos outros atores que dispensaram seu precioso tempo filmando tal engodo, ainda temos James Woods como Vaughn Stevens, mais um agente contratado para fazer a segurança do então Presidente, e Anne Archer, simplesmente chamada de Primeira Dama. A julgar pela reação de ambos com a notícia da morte do político até uma criança já desconfiaria que eles não são santinhos, mas infelizmente End Game se estende em uma desnecessária e intricada investigação para chegar a um final sem clímax algum. Assim como tantos outros filmes de temática semelhante, é impossível nos minutos iniciais não nos recordarmos de um fato real, o assassinato do ex-presidente americano John Kennedy no final de 1963, notícia que até hoje suscita discussões e reflexões. Mas com um tema tão forte, como ele pode não ter dado certo neste filme? Tecnicamente a produção é boa para os padrões de um filme modesto em termos financeiros, mas essa humildade não justifica um roteiro tão precário cujos problemas são identificados desde o início. Como sofrer por alguém que não lhe desperta sentimento algum? Pois é, a vítima pode até ser o Presidente de uma das maiores potencias do mundo, mas sem compartilharmos uma migalha sequer de sua intimidade ele se torna apenas mais um cadáver entre tantos outros que surgem diariamente sob circunstâncias violentas. Não é a toa que a melhor frase de todo o longa vem só no final: the end. Alívio total a quem encarou o desafio de acompanhar tal bomba. 

Suspense - 102 min - 2006

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