Nota 6,0 Longa de ação canadense se beneficia de rixa entre cidades para explorar o humor
Os EUA
reconhecidamente é um país sinônimo de cinema comercial e o gênero de ação
continua sendo um dos carros-chefes dessa indústria, mesmo com as críticas
negativas que longas do tipo recebem, além do fato da maioria nem chegar a
passar em cinema, sendo lançada diretamente em DVD. Contudo, ainda existe
platéia cativa para esses produtos, pessoas que construíram seu gosto
cinematográfico influenciados por trabalhos de Arnold Schawznegger, Silvester
Stallone e companhia bela, principalmente as gerações que cresceram na época do
boom das locadoras, estabelecimentos que acolheram os astros brucutus quando as
salas de cinema passaram a fechar as portas para eles. Mas deixando de lado os
detalhes dos bastidores, é curioso que os fãs de ação hollywoodiana se
acostumaram tanto a um padrão engessado que sentem dificuldades em aceitar
produtos do gênero oriundos de outros países. Eles não vão mudar a vida de
ninguém certamente, mas com sorte podem oferecer um divertimento de melhor
qualidade que o habitual como é o caso de Bon Cop Bad Cop, mescla de ação,
policial e comédia produzida pelo Canadá. A premissa do roteiro de Leila Basen,
Kevin Tierney, Alex Epstein e de Patrick Huard, um dos protagonistas, pode
parecer esquisita, mas vale a pena insistir. O filme começa com uma tola
discussão sobre a venda de um tradicional time de hóquei canadense para os EUA.
Ao mesmo tempo um homem mascarado vai sendo revelado pouco a pouco e já tem uma
vítima a postos para ser executada. O corpo deste homem é encontrado em cima de
uma placa rodoviária que demarca os limites de duas cidades, pernas de um lado
e cabeça e tronco de outro. Dois tiras, um representante de cada município que cativam
há nos certa rivalidade, são selecionados para investigar o caso, mas eles não
podiam ser mais diferentes. Martin Ward (Colm Feore) é de Toronto, fala inglês
e é muito correto com suas obrigações, o policial exemplar. Já David Bouchard
(Huard) é de Quebec, fala francês e prefere levar a profissão sem grandes
preocupações. Em comum eles têm apenas o fato de que entendem razoavelmente bem
o idioma um do outro (fato esquecido lá pelas tantas quando eles passam a se
comunicar fluentemente) e ambos possuem problemas de relacionamento com os
filhos e não são casados.
Mesmo se
estranhando logo que se conhecem, os investigadores aceitam trabalhar juntos
por um bem maior: melhorar a imagem do departamento de polícia que representam
a fim de angariar mais verbas para o próximo o ano, o que poderia lhes render
algum tipo de promoção financeira ou de cargo. Pois bem, o começo do trabalho é
um tanto enigmático. A ficha levantada sobre o homem assassinado não mostra que
ele teria ligação com alguma coisa criminosa, todavia, seu alto padrão de vida
chama a atenção. Em seu pulso é encontrada uma tatuagem com sangue quase
fresco, o que significa que ela foi feita poucas horas antes de sua morte.
Conforme as investigações avançam, novos crimes passam a acontecer e os corpos
encontrados sempre estão com uma tatuagem recente, como se o serial killer
estivesse querendo passar alguma mensagem. Outra curiosidade é que as vítimas,
de forma direta ou não, estão ligadas ao mundo do hóquei, o que leva a crer que
o assassino seria uma pessoa fanática que surtou quando soube da venda de um
dos mais tradicionais times do Canadá, algo que fica ainda mais em evidência
quando ele tem a audácia de ligar para um programa jornalístico ao vivo para
defender seu ponto de vista e ganha a alcunha de “assassino da tatuagem”, a
publicidade que faltava para este homem se sentir em evidência. Martin e David
acabam aparecendo na TV e ficam na mira deste psicopata e nada melhor para
atingi-los que começar a perseguir seus parentes. Bon Cop Bad Cop no
conjunto é uma reunião de clichês de produções hollywoodianas de ação com um
toque leve dos suspenses de vilões mascarados, mas a adição do humor dá um
tempero agradabilíssimo à mistura. É muito bom ver atores como Feore e Huard
travando diálogos cheios de ironia, algumas vezes esquecendo até mesmo do que
acontece ao redor deles. Enquanto divergem sobre suas diferenças, um carro ou
até mesmo uma casa podem explodir, por exemplo, com o detalhe de que em um
deles está um suspeito e no outro uma vítima que poderia ser salva. Apesar de
algumas falhas e sequências que poderiam ser mais bem elaboradas, podemos dizer
que este longa dirigido por Érick Canuel só peca, dependendo do ponto de vista,
pelo idioma francês inserido que pode levar muitos a acreditarem que a obra é
de origem francesa, o que intrinsecamente
já passa a ideia de ritmo arrastado e muito blá blá blá ou cenas de
contemplação. Nada disso. Vale uma conferida sem grandes pretensões e a
diversão estará garantida.
Ação - 91 min - 2006
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