Nota 3,0 Drama sem sal nada mais é que um apanhado de clichês de filmes edificantes
Quando um ator já começa a
carreira em alta deve estar preparado para o que vem pela frente. Se subir cada
degrau rumo ao sucesso já é difícil, mais problemático ainda deve ser passar ileso pela
fase da busca da estabilidade quando não se tem uma plena vivência das etapas
comuns à profissão de ator. Figuração, elenco de apoio e coadjuvante. Talvez
estas sejam as três etapas básicas pelas quais um intérprete deveria passar
antes de chegar ao posto de protagonista, mas para quem já faz sua estreia no
topo com uma ajudinha da sorte precisa depois provar que merece continuar
ocupando tal vaga de destaque. É esta fase que Zac Efron vivenciou após despontar facilmente
como ídolo teen em High School Musical. Ele
tentou se
manter em evidência e com seu
nome encabeçando elencos, porém, suas escolhas profissionais não lhe favoreceram. Nas comédias 17
Outra Vez e Hairspray – Em Busca da Fama ele repetiu
o perfil de bom moço e em ambos os trabalhos seus personagens agregavam certas
características que os tornavam um repeteco do que já havíamos visto em sua
estreia. No leve drama Alma
de Campeão as
coisas não são diferentes. Aqui ele dá vida à Patrick McCardle, um adolescente que se
dedica ao beisebol apenas para satisfazer o pai, um ex-jogador. Sem saber o que
quer da vida, o garoto acaba encontrando inspiração nas conversas que tem com
Houston Jones (Bill Cobbs), um ex-treinador de cavalos de corrida cuja
reputação não é das melhores devido aos seus problemas com bebidas. Procurando
ajudar a si mesmo e também ao amigo, Patrick convence Houston a treiná-lo para
uma famosa competição, o que não é sua especialidade, e também enfrenta sua
família que inicialmente não aprova esta amizade. Em meio aos treinamentos, o
rapaz não só viverá os desafios de conquistar a confiança de um cavalo, mas
também receberá valiosas lições de vida envolvendo o primeiro amor, quebra de
preconceitos, humildade e superação.
Efron mais uma vez vive um
adolescente bondoso em busca de seus sonhos, mas desta vez troca o basquete e a
música pelas corridas de cavalo. Sim, mais uma vez o hipismo é usado como
desculpa para a realização de um drama água-com-açúcar para servir de
entretenimento familiar e trazer mensagens de altruísmo. Se o roteiro de
Kimberly Gough já demonstra deficiência criativa por adotar o universo da
corrida de cavalos, ele ainda é um pouco mais apelativo ao também flertar com o
mundo do beisebol, sendo assim a reunião em um mesmo filme de duas grandes
paixões dos americanos, algo que historicamente o cinema comprova. Ter Efron
como protagonista e adotar tais temáticas que enfocam a superação através do
esporte já seriam motivos suficientes para muita gente desprezar este trabalho
do diretor Craig Clyde, mas é sempre bom lembrar que o público-alvo é o
infanto-juvenil, este que está sempre sendo renovado. O que para adultos pode
ser supérfluo, para crianças e adolescentes ainda deve ser novidade e do jeito
que as coisas andam nunca é demais umas doses extras de mensagens positivas,
principalmente na fase em que está se definindo o caráter. Deve ser esse o
motivo que levam produtores a investirem em centenas de filmes-clichês
anualmente. Clyde realmente não se esforça para agregar algo novo a sua obra,
limitando-se a copiar o estilo de outros colegas de profissão. Trilha sonora
datada e melancólica, bela fotografia aproveitando-se de paisagens campestres
inspiradoras e interpretações em níveis razoáveis. Previsível do início ao fim,
com direito ao primeiro beijo do protagonista e sua rixa com um garoto
metidinho e mau caráter, a única coisa que salva um pouco Alma de Campeão do marasmo é a presença de
Cobbs que até tem um bom personagem, mas cujos conflitos de seu passado e do
presente são trabalhados de forma vaga pelo roteiro. Poderia render uma sessão
da tarde de melhor qualidade, mas de qualquer forma entretém em um dia de ócio
ou chuvoso.
Drama - 98 min - 2005 - Dê sua opinião abaixo.
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