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domingo, 19 de junho de 2016

RETRATOS DO AMOR

Nota 2,5 Falta romance em longa pouco envolvente que vale mais pela bela fotografia

Quando alguém decide assistir a um filme romântico no mínimo espera se emocionar, mas o mundo está cheio de produções que podem até prometer fortes emoções, porém, são insípidas. Geralmente tais obras fisgam o espectador com títulos rebuscados e materiais publicitários que chamam a atenção por transmitirem uma sensação de bem-estar e de leveza. É destes artifícios que se vale Retratos do Amor para chamar atenção, ainda tendo como um extra a ostentação dos nomes da oscarizada Julie Christie e do outrora famoso Burt Reynolds em seus créditos. O veterano ator interpreta Larry Brodsky, o proprietário de um sebo de livros que na juventude se apaixonou perdidamente por uma moça no Marrocos, mas teve que abrir mão de seu grande amor quando descobriu que ela já era casada. O tempo passou, mas ele jamais se recuperou totalmente desta decepção, assim fechando-se para novas emoções até que um dia conhece a jovem americana Aisha (Carmem Chaplin) e ambos se identificam imediatamente já que escolheram morar em Amsterdã, na Holanda, na esperança de mudanças positivas e uma vida com mais liberdade. Assim nasce uma amizade que trará a Larry muitas surpresas, entre elas Narma (Julie Christie), a sua suposta futura sogra, uma mulher que pode provocar novas e intensas emoções neste homem que perdeu e no fundo deseja recuperar a fé no amor. A premissa é até interessante, mas os roteiristas Michael O’Loughlin e Rudolph Van Den Berg, este que também assina a direção, cozinham a história em banho-maria e com duas vertentes que se ligam.

O personagem de Reynolds, além de lidar com as dificuldades financeiras para manter seu estabelecimento comercial, é um desacreditado no amor que volta a ter esperanças nesse sentido ao conhecer uma mulher bem mais novo que naturalmente carrega consigo mesma uma dose extra de esperança e alegria. Embora exista a expectativa de que surja um forte envolvimento amoroso entre eles, é na mãe dela que este homem está interessado. O longa alinhava as passagens contemporâneas com outras antigas que representam a memória de Larry em relação a seu grande amor do passado e esse constante vai e vem no tempo é a deixa para cortar rapidamente o frágil fator surpresa da narrativa. Paralelamente a isso, acompanhamos a insossa trama que envolve Aisha em problemas com algumas fotos sensuais suas que acabam parando em mãos erradas. Chaplin e Reynolds tem interpretações corretas, mas a grande decepção fica por conta de Christie. Detentora de um currículo de filmes de sucesso e premiados no passado, nos últimos anos parece que a atriz perdeu o tino para escolher bons papeis e aceita participar de produções pequenas que notadamente não terão repercussão e suas interpretações carecem de vigor. Fora seu elogiado e interessante papel em Longe Dela, que lhe rendeu indicação ao Oscar, ultimamente a veterana intérprete não pode contar nem mesmo com o velho ditado fale mal ou fale bem, mas falem de mim. Simplesmente seus projetos passam em brancas nuvens e nem chegam aos cinemas, não colhendo assim nem mesmo críticas negativas em quantidades consideráveis. É realmente uma pena que Van Den Berg desperdice uma boa trama central investindo em diálogos fracos e outras situações pobres em conteúdo para rechear seu trabalho. No mais, Retratos do Amor é um filme que só tem como ponto positivo a bela fotografia que capta com perfeição e beleza de cenários holandeses e marroquinos. É para ficar literalmente com cara de paisagem.

Romance - 94 min - 2002

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