NOTA 8,5 Steve Carell se torna definitivamente o símbolo das comédias destinadas ao público adulto masculino |
São várias histórias paralelas que se conectam de alguma
forma, embora quando todas se encontram no clímax o tom destoe bastante do
restante da produção parecendo mais uma cena típica de filmes de Adam Sandler
ou de Owen Wilson, mas nada que estrague o conjunto. Nesta altura já estamos
tão íntimos de todos os personagens que desfilaram durante mais de uma hora e
meia que este deslize passa batido. É interessante observar que muito do humor
da narrativa não se concentra nos diálogos e sim nos gestos e olhares trocados
entre os personagens, o que beneficia bastante as atuações de Carell e Gosling.
Julianne é uma excelente atriz e faz seu papel com competência, mas no todo
digamos que ela fica um pouco apagadinha, afinal o show é mesmo dos protagonistas
masculinos. Porém, é preciso destacar a presença de Emma Stone, uma das gratas
surpresas da nova geração de atrizes de Hollywood. Ela esbanja simpatia
defendendo uma personagem que em um primeiro momento pode parecer tola e
perdida no enredo, mas que pouco a pouco vai ganhando força até que se torna
uma peça-surpresa para o desfecho dessa teia onde cada um vive um conflito
amoroso muito bem explorado. Diferentemente de tantas comédias românticas que
forçaram ligações entre um elenco repleto de estrelas nos últimos anos, aqui
todos têm chance de aparecer e desenvolver um viés sobra as formas de amar,
mesmo que ao final fique a sensação, como já dito, que os homens dominaram a
tela. Ponto para eles que geralmente são jogados para escanteio em fitas produzidas
para o público feminino. Aliás, outra coisa positiva nesta produção é o fato
das platéias masculinas também se envolverem com a história e se divertirem
bastante. Com um elenco razoavelmente grande qualquer diretor poderia
facilmente se perder e construir uma narrativa cheia de furos e mal amarrada,
mas a dupla Glenn Ficarra e John Requa mostrou competência para alinhavar
romance, comédia e drama, além de algumas pitadas de surpresa para o ápice da
história. Conhecidos pela polêmica comédia (na época que antecedeu seu
lançamento) O Golpista do Ano, os
diretores continuam com o timing para o humor, mas desta vez pegaram mais leve
optando por uma conclusão mais moralista. Sem nenhum problema nisto.
Talvez a expectativa gerada por algumas cenas mais quentes prometidas tenham comprometido a carreira do projeto anterior dos diretores, que no final das contas não rendeu o esperado mesmo com a publicidade dos atores Jim Carrey e Ewan McGregor se beijarem. Nesta empreitada os roteiristas acertaram ao manter o
projeto mais na encolha, embora o nome de Gosling envolvido tenha servido como
propaganda extra devido a sua imagem estar em evidência. Porém, até seu
personagem que de tão galinha poderia causar repulsa, eles acertaram mostrando
sua porção humana no momento exato. Obviamente os créditos das limitações
também se devem ao roteirista Dan Fogelman que escreveu situações divertidas e
que mesmo tendo erotismo implícito jamais este artifício é usado de forma
constrangedora. Ainda assim não é uma opção para todas as idades e até para
pré-adolescentes o linguajar pode ser um pouco pesado, mas nada que uma família
mais moderninha não dê jeito. Esquivando-se espertamente de ser apontado como
um filme que é a favor da liberdade sexual e que mostra o casamento como uma
instituição falida, Amor a Toda Prova dá uma sutil guinada na sua reta final para provar
que o amor é que move o ser humano, seja uma paixão de adolescência, um romance
que chega inesperadamente ou aquele sentimento que une as pessoas mesmo quando
elas estão separadas. Ao término podemos ter a sensação de que acompanhamos por
intermédio de três homens estas manifestações de carinho e assim ficamos
satisfeitos com mais uma comédia romântica que, apesar de alguns clichês e
situações previsíveis, consegue ser original e trazer certo frescor ao gênero.
A única ressalva é quanto a presença da atriz Marisa Tomei como a professora
Kate, uma amante do tipo “pega osso” de Cal. Com fama de ter o talento
limitado, aqui mais uma vez ela faz jus a isso e entrega um personagem
estereotipado de uma solteirona desesperada para ter um homem. Mesmo com essa
pisada de bola, um detalhe mínimo, este filme vale a pena ser conferido.
Comédia romântica - 118 min - 2011
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