NOTA 7,0 Mesmo com boa premissa e entrecho final eletrizante, suspense é recheado de situações clichês forçosamente amarradas e se sustenta sobre o carisma de seus astros |
Passando a maior parte do tempo sozinha em casam Claire
começa a vivenciar estranhas situações como portas que se abrem sozinhas,
vidros que se partem e ruídos esquisitos. Tais fatos se intensificam depois que
ela passa a bisbilhotar a vida do casal que habita a única casa das
proximidades e encasqueta que o vizinho assassinou a esposa. Então a imagem de
uma jovem mulher começa a amedronta-la com suas repentinas aparições e acredita
em um primeiro momento que seja o espírito da suposta falecida tentando entrar
em contato. Aos saber de tais visões, Spencer não dá muita bola ao assunto,
porém, conforme o tempo passa fica claro que os misteriosos eventos tem alguma
ligação com o casal fazendo com que Claire investigue por conta própria e se
aproxime cada vez mais de uma terrível história do passado do marido. Zemeckis
não faz questão alguma de disfarçar que se inspirou em obras do mestre Alfred
Hitchcock, como Janela Indiscreta e Psicose, além de explorar assuntos
sobrenaturais, temática em moda na época. Todavia, este é um suspense com
pegada clássica já que há um esforço para desenvolver os personagens e as
situações em que se envolvem de maneira lenta, o que ajuda a preparar terreno
para os vários sustos que a produção reserva mais a frente. Envolvente e
elegante, podemos dizer que o filme é até clean afinal não há sanguinolência,
evita-se o abuso da trilha sonora antecipando sustos e temos apenas uma ou
outra cena envolvendo aparições de fantasmas, mas mesmo assim é difícil não se
sentir intrigado ou desgrudar os olhos do longa. A maneira como o roteirista
Clark Gregg conduz a história nos faz indagar se ela passou por diversas
modificações durante as filmagens ou se o trunfo do filme seria mesmo brincar
com o espírito investigador de quem assiste. O vizinho seria mesmo um
assassino? A protagonista está com problemas psicológicos? Seu marido realmente
esconde um passado sombrio? A trama seguirá a linha de suspense do além? Estas
são algumas indagações que surgem em nossas mentes.
Lançado com status de superprodução, hoje este suspense pode
parecer apenas mais um titulo qualquer em meio a centenas de produções
meia-boca que prometem mais do que cumprem, mas para as carreiras de seus
protagonistas simbolizou uma revitalização. Ford já estava se acostumando a
papéis de bom-caráter ou de príncipe-cinquentão e aqui se arriscou em uma
interpretação ambígua, embora não consiga enganar por muito tempo quanto a real
índole de seu personagem, mas o charme do galã ajuda a sustentar a farsa. No
entanto, é Pfeiffer com seu carisma e beleza quem rouba a cena. Demonstrando a
fragilidade comum às mulheres suja rotina se resume a cuidar do marido e da
casa, Claire passa a brincar de detetive para preencher seu tempo ocioso, mas
acaba perdendo a noção entre o real e o fantasioso. Com uma atuação crível e
sem exageros, até mesmo na reta final cujas cenas despertam angústia e
adrenalina, a atriz praticamente carrega o longa nas costas. Quem tem medo de
afogamento melhor preparar o espírito. Não é exagero dizer que uma sequência em
específico evoca o já citado Psicose, tanto pela coincidência de acontecer em
um banheiro como também pelo apuro técnico e estético empregado. Todavia, o
passar dos anos comprovam que o sucesso instantâneo de Revelação foi fruto
apenas de um bom marketing. Projetado de última hora para ocupar o tempo de
Zemeckis durante uma interrupção forçada das filmagens de Náufrago, é nítido
que o enredo não tem nada de original, mas o que faz a diferença é a forma como
os clichês são oferecidos. Além de contar com protagonistas de apelo junto ao
público, coisa pouco comum no gênero, o longa também abandona alguns vícios
típicos de produções que almejam intrigar o espectador. Há muitos momentos de
silêncio, os efeitos sonoros são utilizados com parcimônia, cenas escuras
demais são evitadas e existe uma preocupação em buscar ângulos e movimentações
de câmera meticulosamente delineados. Contudo, à medida que o final se
aproxima, a previsibilidade começa a tomar conta da trama e o suspense
intimista dá lugar a uma boa dose de adrenalina que para alguns é o calcanhar
de Aquiles da fita. De qualquer forma, as qualidades superam com folga os
defeitos, o que torna difícil entender o porquê do filme não ter criado raízes
no imaginário coletivo.
Suspense - 130 min - 2000
Marcou minha época de VHS.
ResponderExcluirE é um ótimo suspense, de fato.
http://cinelupinha.blogspot.com/
Esse filme é demais. Achei muito bem bolado. Principalmente o desfecho.
ResponderExcluirAmei seu blog!! =D
Bjs ;)