NOTA 9,0 Cinebiografia de famoso casal do meio musical mostra como eles mexeram com o público e crítica dentro e fora dos palcos devido suas agitadas vidas pessoais |
Voltando ao enredo, Cash era um bom chefe de
família, mas devido a sua desilusão profissional ele se entregava a uma vida
desregrada e boêmia. As coisas pioram após sua aproximação de June. Os dois
passam a cantar juntos e a fazer muito sucesso, mas a jovem deixa claro que não
quer se envolver amorosamente com ele, o que o deixa ainda mais perturbado e
propício aos vícios, ainda mais porque ele sofre a pressão do ciúme da esposa e
o relacionamento difícil com seu pai. Enquanto
isso, June tenta reconstruir sua vida com casamentos que sempre fracassam, mas
sem abandonar o companheiro de palcos, isso até que ela perde a paciência e
decide virar as costas de vez. Assim, o cantor mergulha na depressão, perde a
família e o dinheiro que juntou, porém, não desiste do seu amor pela cantora e
tenta reconstruir sua vida para poder reconquistá-la. Em aproximadamente duas
horas são condensados de forma cronológica os principais momentos da vida
destes dois artistas da música, tanto fora quanto dentro dos palcos, mas é
curioso observar que somente a vida pessoal de Cash é esmiuçada em detalhes
enquanto a de June é contada através de passagens que a ligam ao músico,
reforçando a idéia de que ele era o principal centro das atenções do roteiro
assinado por Gill Dennis e também pelo diretor James Mangold, de Garota Interrompida e Kate Leopold. A história e as
interpretações fluem de maneira muito agradável e crível principalmente porque
quando o projeto começou a ganhar forma os homenageados estavam ainda vivos e
concederam algumas entrevistas e consultorias à equipe, embora por poucos
meses. O amor deles era tão forte que após a morte de June em maio de 2003 Cash
só conseguiu viver por mais quatro meses. Isso prova o quanto o destino do
casal estava ligado mesmo com todas as divergências. Apesar de dosar bem o
profissional e o particular, muitos críticos questionam a opção de Mangold em
privilegiar as passagens amorosas e dramáticas, pois consideram que a importância
de Cash no cenário musical é muito maior do que foi mostrado no longa. Todavia,
a produção conseguiu um equilíbrio perfeito fugindo das armadilhas do dramalhão
sobressaindo a obra do homenageado, lugar comum da maior parte das
cinebiografias.
A produção tem uma vibração e uma autenticidade tão fortes que é
difícil para aqueles que não conheceram os músicos não imaginarem que os
intérpretes são as reais reencarnações deles. A dupla se esforçou para
conseguir passar o máximo de detalhes da relação conturbada que eles tiveram e
como suas atitudes influenciaram negativamente na condução das carreiras
musicais afinal a imprensa já naquela época deitava e rolava em cima dos
problemas das celebridades. Phoenix tem naturalmente uma expressão mais séria e
contida que é essencial nesta história, já que Cash era um homem tímido, apesar
do temperamento explosivo, e que ao subir no palco adorava fazer o tipo
rebelde. Já Reese, até então se aperfeiçoando em comédias, capta a essência e o
atrevimento de sua personagem com perfeição e consegue fazer bem a transição do
humor da juventude para a seriedade da maturidade, fase denunciada pela mudança
de figurinos e penteados. Apesar de certo estranhamento dos atores no início
das filmagens, a dupla tem uma química em cena que é raríssima e ajuda a elevar
a produção do status de banal, já que muitas cinebiografias são feitas todos os
anos, mas a maioria fica afundada em um limbo. Histórias sobre superação de
dificuldades o mundo da música está cheio e várias delas já foram contadas no
cinema e isso colabora para que dificilmente projetos futuros do tipo
surpreendam, mas Johnny e June conta com predicados suficientes para lhe
garantir uma longa vida útil e permanecer na memória do público. E mesmo quem
nunca ouviu falar nos músicos certamente ao subir os créditos finais deverá se
sentir tão íntimo deles e da atmosfera de décadas passadas que até se
arrependerá de ter que voltar à atualidade, isso graças a excepcional parte
técnica que nos faz um convite a regressar ao passado, como nas sequências que
envolvem o primeiro encontro de Cash e June ocorrido nos bastidores de um show
que reunia vários dos futuros astros da música sessentista como Elvis Presley.
Aliás, para quem fica em pânico quando sabe que existem números musicais em um
longa, fique tranquilo. Aqui ninguém sai do nada para cantarolar ao invés de
dialogar. As canções são estrategicamente adicionadas alinhavando o roteiro e
são partes importantes para compreendermos a trama que não cai na monotonia
mesmo adotando uma linha narrativa linear. Apesar de ser uma história verídica,
algo que o Oscar sempre adora premiar, o filme ganhou apenas o troféu de Melhor
Atriz, mas merecia também o de Melhor Ator. Chance de reparar o erro talvez não
tenha mais porque Phoenix resolveu pouco tempo depois desta atuação,
aparentemente, abandonar a carreira de ator mesmo acumulando um elogiado
currículo. Já no Globo de Ouro 2006, o longa venceu em três importantes
categorias beneficiando-se por ter sido classificado como Musical/ Comédia, mesma
estratégia que ajudou um ano antes o filme Ray
ganhar fama. Flertando entre o drama e o romance, esta é uma linda história
de amor contada com muito mais subsídios que o normal, assim tornando-se uma
obra interessante e bem estruturada que curiosamente muita gente até hoje ainda
não se deu ao prazer de acompanhá-la. Uma pena.
Vencedor do Oscar de atriz (Reese Witherspoon)
Drama - 135 min - 2005
Ótima cinebiografia, com um Joaquim Phoenix em perfeita forma!
ResponderExcluirhttp://cinelupinha.blogspot.com/
Depois de ver o filme, eu fui ouvir o Johnny Cash original, e eu devo dizer, q eu prefiro a voz do Phoenix e da Witherspoon do que a da June e do Cash...
ResponderExcluirA voz da Witherspoon é fantastica...Ela conseguiu fazer um bom vocal de country na minha opnião! A melhor atuação dela, concerteza, a melhor atuação de Phoenix tbm...