Nota 3,0 Apesar dos esforços dos animadores, não há desenho que se sustente sem boa trama

O grande segredo da trama é que
existe um segundo palácio idêntico ao da bruxa escondido sob as águas dos rios
venezianos, um capricho do próprio Marco Polo que queria ter uma grandiosa
construção como a que viu no Himalaia em seu país, mas a única forma de ter e
não ser descoberto seria construí-lo de forma subaquática. O tal código seria
um número com instruções para rastreamento e acesso da sala exata do Palácio da
Magia na qual poderia ser realizado um feitiço que drenaria todos os canais de
Veneza, assim substituindo as tradicionais gôndolas de locomoção por carros e
outros veículos terrestres, ou seja, uma cidade turística seria destruída para
dar lugar a mais um espaço urbano comum e poluente. Tal mágica só seria
possível com a sintonia dos dois castelos, pelo menos teoricamente seria isso.
Poderia ficar latente a vontade dos Manfio em falar sobre a preservação das
características históricas de um ambiente ou algo assim com este trabalho, mas
o conjunto revela-se tedioso e com muitos pontos sem explicação. Qual a relação
exata dos dois palácios para a conclusão da magia? Por que o código estaria
escondido em uma região que remete a paisagens desérticas? Por que Marco Polo
teria interesse em construir um castelo que ficaria escondido de qualquer
forma? Fora tais questões (talvez até respondidas, mas a dispersão de atenção é
inevitável e compromete o entendimento do enredo), Uma Aventura Animal ainda
tem sérios problemas narrativos e de construção de perfis. São muitos
personagens em cena com nomes difíceis de gravar (cada um recebe uma
denominação diferente na dublagem, na tradução e nos créditos finais), muitos
deles sem função alguma na trama e alguns são animais de difícil identificação
até mesmo para os adultos, que dirá para as crianças. E não é só o visual das
criaturinhas que não dá liga. Fora o pequeno pintinho chamado Sem Nome que
tenta trazer alguma graça à produção, todos os outros são figuras que não
cativam, ainda mais pela rapidez com que a história é contada, não havendo
espaço para desenvolvimento de perfis e abrindo brechas para cenas mal
explicadas ou desnecessárias no contexto. O motivo que faz Gralha odiar a
famosa cidade italiana e que a leva a apelar para o feitiço da aridez, por
exemplo, é totalmente estúpido. Vencedor de um prêmio especial no Festival de
Cinema de Veneza, talvez para incentivar a produção de animações na Itália,
infelizmente este não é um bom filme. Por mais que nos
esforçamos para dar um voto de confiança, do início ao fim a grande diversão é
tentar somar os pontos que nos incomodam, incluindo os ineficientes números
musicais, o que no final resulta em um saldo negativíssimo.
Animação - 80 min - 2010
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