domingo, 11 de dezembro de 2016

UMA AVENTURA ANIMAL

Nota 3,0 Apesar dos esforços dos animadores, não há desenho que se sustente sem boa trama

O cinema italiano é conhecido por bons dramas, romances e comédias, algumas produções inclusive tornaram-se clássicas na História da sétima arte. Nos últimos anos o país também passou a investir em filmes de suspense, policiais e até no campo da animação, contudo, pelo que se vê em Uma Aventura Animal, a turma de lá ainda precisa comer muita macarronada e beber muito vinho para chegar a um mercado competitivo do gênero. Fora a tentativa de forjar em vários momentos uma interação entre os personagens e quem assiste, a produção não traz nada de novo, pelo contrário, é um amontoado de equívocos. A trama escrita por Francisco e Sergio Manfio, este último também diretor, acompanha as aventuras de uma turma de animaizinhos em busca de um segredo secular. Aldo, para variar uma sábia coruja que cuida de uma importante biblioteca na cidade de Veneza, está muito interessado em saber mais sobre o chamado “Código de Marco Polo”, escritos feitos pelo lendário viajante após uma viagem à China. Alda, a irmã do bibliotecário, já está em campo na cidade de Kebab em busca deste material histórico e em breve ganhará a ajuda do irmão e seus amigos nesta expedição. Contudo, gente do mal também está atrás desta misteriosa informação. Cambaluc e Cuncun, dois furões um tanto atrapalhados, descobrem os planos da turminha e avisam a bruxa Gralha que também está interessada no tal código. Ela vive com seu fiel escudeiro Ambrósio no Himalaia em uma região isolada literalmente sob as trevas. Sua casa é o Palácio da Magia, local descoberto pelo próprio Marco Polo há 800 anos. Fascinado pela construção, local que abrigava os mais antigos feitiços orientais, seus escritos após seu regresso da China tratam justamente sobre a construção de um palacete idêntico na Itália, mas desconhecido. Tal segredo está contido em uma pedra desaparecida a qual Alda estava prestes a encontrar, mas Rajin, um macaco a serviço da bruxa, consegue colocar as mãos primeiro no objeto que quando posicionado sobre o piso da mais antiga biblioteca de Veneza revela o código. Obviamente tal local é onde trabalha Aldo o que o obriga a viajar rapidamente com seus amigos para voltar a tempo de evitar que Gralha tenha a revelação só para si.

O grande segredo da trama é que existe um segundo palácio idêntico ao da bruxa escondido sob as águas dos rios venezianos, um capricho do próprio Marco Polo que queria ter uma grandiosa construção como a que viu no Himalaia em seu país, mas a única forma de ter e não ser descoberto seria construí-lo de forma subaquática. O tal código seria um número com instruções para rastreamento e acesso da sala exata do Palácio da Magia na qual poderia ser realizado um feitiço que drenaria todos os canais de Veneza, assim substituindo as tradicionais gôndolas de locomoção por carros e outros veículos terrestres, ou seja, uma cidade turística seria destruída para dar lugar a mais um espaço urbano comum e poluente. Tal mágica só seria possível com a sintonia dos dois castelos, pelo menos teoricamente seria isso. Poderia ficar latente a vontade dos Manfio em falar sobre a preservação das características históricas de um ambiente ou algo assim com este trabalho, mas o conjunto revela-se tedioso e com muitos pontos sem explicação. Qual a relação exata dos dois palácios para a conclusão da magia? Por que o código estaria escondido em uma região que remete a paisagens desérticas? Por que Marco Polo teria interesse em construir um castelo que ficaria escondido de qualquer forma? Fora tais questões (talvez até respondidas, mas a dispersão de atenção é inevitável e compromete o entendimento do enredo), Uma Aventura Animal ainda tem sérios problemas narrativos e de construção de perfis. São muitos personagens em cena com nomes difíceis de gravar (cada um recebe uma denominação diferente na dublagem, na tradução e nos créditos finais), muitos deles sem função alguma na trama e alguns são animais de difícil identificação até mesmo para os adultos, que dirá para as crianças. E não é só o visual das criaturinhas que não dá liga. Fora o pequeno pintinho chamado Sem Nome que tenta trazer alguma graça à produção, todos os outros são figuras que não cativam, ainda mais pela rapidez com que a história é contada, não havendo espaço para desenvolvimento de perfis e abrindo brechas para cenas mal explicadas ou desnecessárias no contexto. O motivo que faz Gralha odiar a famosa cidade italiana e que a leva a apelar para o feitiço da aridez, por exemplo, é totalmente estúpido. Vencedor de um prêmio especial no Festival de Cinema de Veneza, talvez para incentivar a produção de animações na Itália, infelizmente este não é um bom filme. Por mais que nos esforçamos para dar um voto de confiança, do início ao fim a grande diversão é tentar somar os pontos que nos incomodam, incluindo os ineficientes números musicais, o que no final resulta em um saldo negativíssimo. 

Animação - 80 min - 2010 

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Um comentário:

Unknown disse...

MEU DEEEEUS O TANTO QUE EU PROCUREI O NOME DESSE FILME. marcou minha infância e eu cheguei a achar q ele tinha sido um delirioooo meu pai amado onde consigo assisitir????